A agência de classificação de risco Moody’s revisou as perspectivas de crédito para 21 instituições financeiras brasileiras, alterando de positiva para estável as avaliações relacionadas a depósitos de longo prazo, ratings de dívida sênior sem garantia e ratings de emissor, quando aplicáveis. Apesar dessa mudança na perspectiva, todos os ratings e avaliações das instituições, incluindo suas entidades associadas, foram mantidos.
Essa revisão ocorre logo após a Moody’s reafirmar o rating soberano do Brasil em Ba1 e modificar a perspectiva do país de positiva para estável. A alteração reflete uma visão mais cautelosa em relação ao ambiente macroeconômico e financeiro do país, impactando diretamente as instituições financeiras que operam em território brasileiro.
No detalhamento da avaliação, a Moody’s confirmou as Avaliações de Crédito Base (BCAs) de 15 bancos brasileiros, bem como os ratings de depósito de longo prazo em moeda local e estrangeira de 14 instituições. Além disso, foram reafirmados os ratings de dívida sênior sem garantia de longo prazo em moeda estrangeira de sete bancos, assim como os Ratings Corporativos de Longo Prazo (CFR) e ratings de emissor em moeda local de cinco instituições financeiras.
Os Ratings de Risco de Contraparte (CRR) e as Avaliações de Risco de Contraparte (CRA) de longo prazo, que avaliam a capacidade das instituições de cumprir obrigações financeiras em cenários diversos, também foram mantidos para 15 bancos, incluindo suas holdings e filiais offshore, quando aplicáveis.
Entre as instituições brasileiras avaliadas estão nomes de peso no setor financeiro, como Banco do Brasil, BNDES, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Santander, BTG Pactual, Sicredi, Safra, Citibank Brasil, XP, Banco Modal, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste, entre outros.
A Moody’s reafirmou os ratings de depósito em moeda local e estrangeira no nível Ba1 para Banco do Brasil, BNDES, Itaú e Bradesco, ressaltando a manutenção das Avaliações de Crédito Base (BCA) desses bancos nesse patamar. A análise leva em conta o alto grau de suporte do governo federal para Banco do Brasil e BNDES, além da expectativa de apoio também para Itaú e Bradesco. Entretanto, esses ratings de depósito permanecem limitados pelo rating soberano do Brasil, impedindo elevações acima desse nível.
Além disso, os Ratings de Risco de Contraparte (CRR) de longo prazo em moeda local e estrangeira foram mantidos em Baa3, assim como as Avaliações de Risco de Contraparte (CRA) no mesmo nível para os quatro bancos citados. Entidades relacionadas, como unidades em paraísos fiscais e subsidiárias, também tiveram seus ratings confirmados.
A agência enfatiza que a qualidade do crédito soberano do país impacta diretamente a posição de crédito das instituições financeiras nacionais. Os bancos possuem interligações estreitas com o soberano, o que significa que mudanças no rating do país tendem a afetar as perspectivas de crédito dessas instituições.
Com a mudança da perspectiva do Brasil de positiva para estável, a probabilidade de elevação dos ratings dos bancos diminui, visto que essas atualizações costumam ocorrer em conjunto com uma melhora do rating soberano. Dessa forma, a estabilidade na avaliação das instituições financeiras reflete a cautela diante do cenário econômico e político atual, com expectativas de que eventuais melhorias dependam de avanços na situação macroeconômica nacional.
A decisão da Moody’s contribui para uma visão mais conservadora dos mercados em relação ao setor financeiro brasileiro, sinalizando que, apesar da manutenção dos ratings atuais, o ambiente permanece desafiador e sujeito a fatores externos e internos que podem influenciar a saúde das instituições e sua capacidade de captação e empréstimos no futuro.
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