XP APONTA RISCO DE QUEDA NA BOLSA BRASILEIRA EM JUNHO; SAIBA POR QUÊ


O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, encerrou o mês de maio com valorização de 1,45%, alcançando os 139.541 pontos. Com esse desempenho positivo, o mercado acionário do Brasil acumula alta de 9,4% em 2025. A combinação entre a percepção de que o país pode se beneficiar das tensões comerciais globais e a expectativa de fim do ciclo de alta da taxa Selic contribuiu para impulsionar os ativos locais. No entanto, analistas já alertam que o mês de junho pode trazer uma fase de correção nos preços.

De acordo com um relatório elaborado pela XP Investimentos, há uma série de fatores que indicam uma possível realização de lucros no curto prazo. Um dos principais sinais de alerta é a queda do prêmio de risco do Ibovespa, que compara a rentabilidade das ações com as taxas reais dos títulos públicos atrelados à inflação. Em maio, esse prêmio recuou para 5,3%, abaixo da média histórica, o que pode reduzir o apetite dos investidores por ações.

Outro ponto destacado pelos analistas da corretora é a revisão para baixo das expectativas de lucro por ação das empresas listadas. As projeções para 2025 e 2026 sofreram reduções de mais de 5%, refletindo os desafios enfrentados pelas companhias diante da taxa Selic ainda elevada, atualmente em 14,75%. Esse patamar de juros encarece o crédito e impacta diretamente os custos operacionais das empresas.

O comportamento dos investidores institucionais também preocupa. Os fundos de investimento continuam registrando resgates líquidos, e a alocação de recursos em ações segue abaixo da média histórica dos últimos dez anos. Além disso, o investidor pessoa física não tem aumentado sua participação no mercado acionário, o que aumenta a dependência do capital estrangeiro. Caso haja uma reversão nesse fluxo externo, as ações brasileiras podem sofrer quedas mais acentuadas.

Outro indicativo de que uma correção pode estar próxima é o chamado “Otimismo Extremo”, identificado pelo Indicador de Sentimento da própria XP. Segundo o levantamento, o mercado não se encontra mais em condição técnica de sobrevenda e pode estar se aproximando de um novo pico, o que geralmente antecede movimentos de realização.

A instabilidade nos cenários econômicos, tanto no Brasil quanto no exterior, também adiciona uma dose de cautela. Em ambientes de aversão ao risco, ativos brasileiros costumam ser penalizados, especialmente por sua forte ligação com commodities e sua volatilidade.

Apesar do possível ajuste de curto prazo, a perspectiva de longo prazo permanece positiva. O Brasil é visto como uma oportunidade atrativa para investimentos em ações. Fatores como a demografia jovem, a força da exportação agrícola, o avanço de reformas estruturais, a digitalização financeira e o potencial de valorização dos ativos reforçam essa visão otimista. Além disso, o país ainda apresenta múltiplos atrativos e boa rentabilidade, o que fortalece sua posição como destino estratégico para investidores de longo prazo.

Comentários