Valuation baixo, ativos reais e potencial de valorização fazem país vizinho atrair investidores mais ousados
Apesar das dificuldades macroeconômicas enfrentadas pela Argentina, um grupo seleto de gestores de investimentos acredita que o país oferece uma das maiores oportunidades do mundo para investidores de longo prazo. Entre eles está Paolo di Sora, CIO da RPS Capital, que compartilhou sua visão otimista durante participação no programa Stock Pickers.
Segundo di Sora, a Argentina vive uma situação curiosa: ativos extremamente desvalorizados, combinados com bens reais de alta qualidade, oferecem uma assimetria rara para quem está disposto a enfrentar o risco político e a instabilidade econômica de curto prazo. “É o tipo de investimento que eu faço com o dinheiro do meu filho”, afirmou o gestor, destacando o nível de convicção na tese.
Imóveis em Buenos Aires: “barato como nunca”
Uma das apostas mais entusiasmadas do gestor está na empresa IRSA, gigante do setor imobiliário argentino. “Você está comprando propriedades em Buenos Aires por US$ 1.300 o metro quadrado, com avaliação recente de US$ 2.600”, afirmou. A empresa possui os melhores shoppings e edifícios comerciais triple A do país, localizados nas regiões mais valorizadas da capital.
Além dos ativos já em operação, a IRSA também é dona de um terreno vizinho ao Puerto Madero, um dos bairros mais caros de Buenos Aires. A ideia da empresa é construir um novo bairro ao longo das próximas duas ou três décadas, com um Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em US$ 2 bilhões — o mesmo valor da empresa inteira na Bolsa.
Cresud: terra produtiva a preço de banana?
Para quem busca ainda mais desconto, Paolo recomenda investir na holding Cresud, que controla a IRSA. Segundo ele, a empresa detém 865 mil hectares de terra, sendo 420 mil considerados produtivos, localizados em áreas nobres da Argentina e também do Brasil. “Ela está sendo negociada a 0,3 vez o valor patrimonial. É como levar toda essa terra de graça”, afirmou.
Apesar de reconhecer problemas históricos de governança, di Sora acredita que o valuation extremamente baixo compensa os riscos. “Não estamos falando de promessas de startups. Estamos falando de ativo real: prédio, terra, imóvel”, explicou.
Gestão ativa em cenário volátil
Ciente da instabilidade argentina, a RPS adota uma postura de gestão ativa e flexível. “A gente atua taticamente, mexe no caixa, evita setores em momentos ruins. Não somos uma casa ‘compra e segura’”, afirmou o gestor.
Um exemplo recente dessa abordagem foi a saída estratégica dos bancos argentinos, antes da divulgação dos fracos resultados do primeiro trimestre. “Os bancos foram os que mais caíram, e a gente já estava fora”, destacou.
Ousadia fiscal e mão de obra qualificada
Paolo também vê avanços no governo de Javier Milei, especialmente em termos de ajuste fiscal e reformas estruturais. Para ele, a combinação de fatores pode preparar o terreno para uma recuperação acelerada, caso o país consiga estabilizar sua política monetária e atrair investimento estrangeiro.
“É o tipo de oportunidade que pode pagar a aposentadoria de um investidor”, resumiu.
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