VIDEO: EX-ASSESSOR DE MORAES DIZ POR QUE NÃO O DENUNCIOU ANTES


O depoimento de Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, trouxe novos elementos para o debate político e jurídico em Brasília. Ao ser ouvido no Senado, ele explicou por que não denunciou anteriormente supostas irregularidades envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, apontando uma combinação de medo, falta de confiança institucional e percepção de parcialidade nos inquéritos.


Segundo Tagliaferro, as investigações conduzidas pela equipe do ministro tinham foco direcionado e atingiam apenas pessoas associadas à direita política. Essa seletividade teria sido o primeiro sinal de que havia algo anormal na condução dos processos. Para ele, não se tratava de um simples recorte circunstancial, mas de uma linha de atuação que excluía por completo outros espectros ideológicos.


Outro ponto levantado pelo ex-assessor foi a alegação de que documentos e relatórios teriam sido produzidos depois da realização de determinadas operações, como buscas e apreensões contra empresários. De acordo com sua versão, a ordem teria partido do juiz auxiliar Airton Vieira, que solicitou a construção de uma narrativa retroativa com organogramas e justificativas formais para embasar ações já executadas. Tagliaferro classificou esse procedimento como uma fraude processual, sustentando que a prática comprometia a integridade das apurações.


Apesar de ter identificado esses problemas, ele disse que não denunciou antes por temer represálias. Em mensagens pessoais, chegou a expressar receio de que pudesse sofrer consequências graves caso decidisse se manifestar publicamente. Esse temor, segundo ele, foi decisivo para adiar qualquer tentativa de denúncia formal. Além disso, o ex-assessor afirmou não enxergar caminhos institucionais viáveis para contestar um ministro do Supremo Tribunal Federal, o que reforçou sua sensação de impotência diante do contexto.


O relato apresentado no Senado mostra que a decisão de permanecer em silêncio esteve ligada tanto a razões pessoais quanto à percepção de um ambiente jurídico fechado a questionamentos. Para Tagliaferro, a combinação desses fatores criava um cenário no qual qualquer denúncia seria facilmente abafada ou poderia se voltar contra ele.


Ao tornar públicas suas alegações, o ex-assessor trouxe à tona discussões delicadas sobre a condução dos inquéritos de combate à desinformação. As falas reforçam críticas de que haveria viés político em determinadas investigações e levantam questionamentos sobre a legalidade de procedimentos adotados. O depoimento também reacende o debate sobre a relação entre poder Judiciário e política, especialmente em um momento em que a atuação do STF está no centro das disputas nacionais.


O episódio, além de expor tensões dentro do tribunal, mostra como a pandemia de desinformação e os embates políticos deixaram marcas profundas no funcionamento das instituições brasileiras. As declarações de Tagliaferro, agora registradas no Congresso, devem alimentar novas disputas em torno da legitimidade dos processos e da imagem de Alexandre de Moraes, uma das figuras mais influentes da cena política e jurídica atual.



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