A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para novembro em Belém, enfrenta sérios problemas de infraestrutura que ameaçam comprometer a participação de delegações internacionais. A cidade amazônica não possui acomodações suficientes para todos os representantes, e os poucos hotéis disponíveis apresentam preços muito acima do padrão, o que dificulta a presença de países com orçamentos limitados.
A situação é particularmente preocupante para nações em desenvolvimento, especialmente africanas e latino-americanas, que enfrentam dificuldades financeiras para cobrir os custos das diárias. A falta de alternativas acessíveis levou algumas delegações a reconsiderar ou mesmo cancelar a viagem. O risco de ausências em larga escala coloca em xeque a representatividade do evento, cuja função é reunir países de todas as regiões para discutir estratégias globais contra a crise climática.
Alguns governos europeus já anunciaram cancelamentos, enquanto outros estudam reduzir o número de participantes caso não sejam oferecidas soluções adequadas. Essa realidade ameaça a legitimidade da COP30 e pode impactar a qualidade dos debates e das decisões que surgirem da conferência.
Diante da pressão, o governo brasileiro buscou alternativas emergenciais. Navios e cruzeiros foram convertidos em alojamentos temporários, escolas e instituições públicas passaram a ser utilizadas como hostels, e sistemas online de reserva foram implementados para tentar regular os preços. Mesmo assim, grande parte das delegações ainda enfrenta dificuldades para garantir hospedagem adequada, mantendo a tensão sobre a realização plena do evento.
Além das questões logísticas, há repercussões políticas e simbólicas. A escolha de Belém como sede tem o objetivo de ressaltar a importância da Amazônia nas discussões ambientais. No entanto, a escassez de infraestrutura compromete a capacidade da cidade de receber um evento desse porte de forma eficiente. O governo afirma que investimentos em mobilidade urbana, drenagem e vias foram suficientes, mas críticos destacam que a preparação para acomodar delegações internacionais ficou aquém do necessário.
A crise evidencia que logística e planejamento são tão fundamentais quanto os temas debatidos em conferências globais. Um evento que não garante a presença de todos os países corre o risco de perder força política e relevância internacional. A COP30, que visa promover debates inclusivos e ações climáticas efetivas, depende da presença plena de representantes globais para atingir seus objetivos.
Com o tempo se esgotando, a atenção internacional permanece voltada para Belém. Delegações aguardam soluções práticas e imediatas para garantir acomodação adequada. O sucesso da conferência dependerá da capacidade de equilibrar a simbolização da Amazônia com a logística necessária para acomodar todos os participantes e manter a relevância política do evento.
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