Um encontro convocado de última hora pela administração Trump com generais e almirantes nos Estados Unidos gerou polêmica e críticas dentro e fora das Forças Armadas. O motivo foi a postura do secretário de Guerra, Pete Hegseth, que fez ataques diretos a oficiais de alta patente e anunciou medidas rígidas que mudam o tom da relação entre o governo e a cúpula militar.
A reunião aconteceu em Quantico, no estado da Virgínia, reunindo centenas de oficiais superiores. Muitos deles foram chamados sem aviso prévio, em um ambiente descrito como tenso. Durante o evento, Hegseth iniciou seu discurso com críticas ao que chamou de “falta de padrão” entre generais e comandantes. Ele chegou a dizer que alguns estavam fora de forma, utilizando termos duros sobre peso e aparência.
Além das críticas, ele apresentou um pacote de medidas que considera fundamentais para “reformular” a cultura das Forças Armadas. Entre as mudanças, estão novos testes físicos obrigatórios a cada seis meses, proibição de barbas e cabelos longos, e critérios mais rígidos para promoção de oficiais. A prioridade, segundo ele, deve ser aptidão física, disciplina e padrões considerados mais “tradicionais”.
Outro ponto polêmico do encontro foi a fala contra regras que tratam de assédio e conduta de superiores. Para Hegseth, normas internas estariam sendo usadas de forma política e atrapalhando a autoridade de comandantes. Ele prometeu rever essas diretrizes e dar mais liberdade aos líderes militares em seus métodos de comando.
Donald Trump também discursou no encontro e reforçou a linha adotada pelo secretário. O ex-presidente sugeriu que cidades americanas poderiam ser usadas como campo de treinamento para tropas, principalmente em locais com altos índices de violência urbana. Essa declaração foi vista por críticos como uma tentativa de ampliar o uso interno das Forças Armadas, o que gera debates sobre limites legais e constitucionais.
As reações no meio político foram imediatas. Integrantes do Partido Democrata e especialistas em defesa acusaram o governo de estar tentando politizar os quartéis e intimidar generais que não concordem com sua agenda. Para eles, a postura adotada rompe com a tradição de manter os militares apartados de disputas políticas, preservando sua função técnica e estratégica.
Dentro das próprias Forças Armadas, o episódio foi recebido com cautela. Muitos oficiais evitaram manifestações públicas, mas nos bastidores a percepção é de que o encontro serviu como um recado claro: aqueles que não se adequarem aos novos padrões poderão ser pressionados ou afastados. Alguns analistas acreditam que o governo busca consolidar maior controle sobre o alto comando, em uma espécie de “limpeza interna” nos cargos mais altos.
A repercussão do encontro mostra como a relação entre Trump e os militares vive um momento delicado. Ao mesmo tempo em que tenta impor novas regras de disciplina, o governo corre o risco de desgastar a confiança dentro da própria corporação. Para muitos observadores, o episódio pode marcar o início de um conflito mais aberto entre a Casa Branca e a liderança militar, com possíveis consequências para a estabilidade política e institucional dos Estados Unidos.
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