AGÊNCIA REBAIXA CREDIBILIDADE DO GOVERNO DOS EUA E O PAÍS SAI DO "CLUBE DE ELITE"; SAIBA POR QUÊ

 



A agência de classificação de risco Moody’s Ratings rebaixou nesta sexta-feira, 16, a nota de crédito dos Estados Unidos, reduzindo os ratings de emissor de longo prazo e sênior sem garantia de ‘Aaa’ para ‘Aa1’. A perspectiva foi alterada de negativa para estável. A decisão marca um momento crítico para a economia norte-americana, refletindo preocupações crescentes com a trajetória fiscal do país.

O principal fator por trás do rebaixamento é o aumento contínuo da dívida pública e dos encargos com juros, que vêm se acumulando há mais de uma década. Segundo a Moody’s, esses índices atingiram níveis significativamente mais altos do que os observados em países com classificação semelhante. A agência destacou que a incapacidade das sucessivas administrações e do Congresso em implementar medidas eficazes para reverter os déficits fiscais contribuiu decisivamente para o enfraquecimento da posição fiscal do governo norte-americano.

A análise da Moody’s aponta que os Estados Unidos enfrentam um cenário de déficits persistentes nos próximos anos, impulsionados principalmente por gastos obrigatórios crescentes, enquanto as receitas do governo federal permanecem praticamente estáveis. Com base nessa tendência, a agência prevê que o ônus da dívida federal alcance cerca de 134% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2035, comparado aos 98% estimados para 2024.

A preocupação não se limita ao volume da dívida, mas também ao impacto que isso pode ter sobre a sustentabilidade fiscal do país. Embora o crescimento do PIB norte-americano deva desacelerar no curto prazo, a Moody’s acredita que o desempenho de longo prazo da economia não será significativamente afetado pelas tarifas comerciais atualmente em discussão entre os EUA e parceiros internacionais.

Apesar do rebaixamento, a Moody’s manteve os tetos de longo prazo em moeda local e estrangeira dos Estados Unidos na classificação mais alta, ‘Aaa’. A agência justificou a manutenção desses tetos destacando os pontos fortes estruturais da economia americana, como o papel do dólar como principal moeda de reserva global e a credibilidade de sua política monetária. A independência do Federal Reserve (Fed) e sua atuação consistente ao longo dos anos foram ressaltadas como fatores que sustentam a confiança nos fundamentos econômicos do país.

Com a mudança para perspectiva estável, a Moody’s sinaliza que, embora existam sérios desafios fiscais, os fundamentos institucionais dos EUA continuam sólidos. Ainda assim, o rebaixamento da nota de crédito serve como um alerta para a necessidade de reformas fiscais de longo prazo. A falta de consenso político para lidar com a questão dos déficits e da dívida, mesmo diante de propostas em debate, levanta dúvidas sobre a capacidade do país de equilibrar suas finanças públicas no médio e longo prazos.

O anúncio da Moody’s pode impactar os mercados financeiros e pressionar o governo norte-americano a reconsiderar sua estratégia fiscal. A trajetória da dívida pública e o controle de gastos deverão estar no centro das discussões políticas e econômicas nos próximos anos, em um cenário cada vez mais exigente para a maior economia do mundo.

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