BANCO APONTA OTIMISMO EM ALGUNS INVESTIMENTOS NO BRASIL

 



Mesmo após a recente turbulência causada pelo anúncio de aumento do IOF, o Bradesco BBI manteve sua recomendação de exposição acima da média ao Brasil dentro do portfólio latino-americano. A decisão reflete a avaliação de que, apesar das medidas controversas adotadas pelo governo federal, o saldo final das ações é positivo para o ambiente macroeconômico e para o mercado de capitais brasileiro.

O aumento do IOF sobre operações de crédito foi o ponto de maior impacto nas medidas anunciadas. A alta da alíquota teve efeitos semelhantes a uma elevação de cerca de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, funcionando como um instrumento de aperto monetário indireto. Para o Bradesco BBI, essa ação reforça o compromisso com o controle da inflação e fortalece a percepção de que a política monetária permanecerá suficientemente restritiva para conter pressões inflacionárias. Esse movimento pode abrir espaço para o início de cortes na taxa básica de juros a partir de dezembro de 2025, caso o arrefecimento da economia se confirme.

Paralelamente, o governo também anunciou um bloqueio de R$ 31 bilhões em gastos e apresentou um plano para arrecadar R$ 20 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026. Essas ações sinalizam maior responsabilidade fiscal e ajudam a conter a percepção de risco associada à trajetória das contas públicas. O mercado enxergou com bons olhos o esforço para manter a âncora fiscal e evitar medidas expansionistas que comprometam a estabilidade macroeconômica no médio prazo.

Apesar do impacto negativo inicial no mercado, especialmente após a tentativa do governo de tributar com 3,5% os fundos de investimento destinados ao exterior — proposta que foi retirada após forte reação de agentes financeiros — o banco considera que o conjunto das medidas pode reduzir os prêmios de risco exigidos por investidores. A reversão rápida da proposta também foi interpretada como sinal de sensibilidade do governo à resposta do mercado, mesmo que tenha gerado incertezas de curto prazo.

No contexto mais amplo, o BBI continua otimista com o mercado brasileiro por dois principais motivos: o término do ciclo de alta de juros e o início do “desconto eleitoral”, fenômeno observado nos anos que antecedem as eleições presidenciais. Além disso, o Brasil segue sendo considerado um dos mercados mais baratos entre os principais emergentes, tanto na comparação de múltiplos como na avaliação cambial. O real, por exemplo, continua negociado abaixo de seu valor histórico, o que também favorece a atratividade do país para investidores estrangeiros.

A estratégia do Bradesco BBI no Brasil privilegia ações de empresas sensíveis aos juros, como Localiza, Assaí e Energisa, além de instituições ligadas ao mercado de capitais, como BTG Pactual e XP. O portfólio também mantém posição relevante em estatais como Petrobras e Banco do Brasil, enquanto reduz exposição a setores tradicionalmente defensivos, como telecomunicações, exportadoras e instituições financeiras tradicionais.

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