BOLSAS DOS EUA CAEM E EMITEM SINAL DE RISCO PARA O MUNDO

 



As bolsas de valores dos Estados Unidos fecharam a sexta-feira, 23, em queda acentuada, em meio à retomada dos temores sobre uma guerra comercial de grandes proporções. O motivo da instabilidade nos mercados foi a ameaça do presidente Donald Trump de impor novas tarifas sobre produtos importados, mirando principalmente a União Europeia e a Apple, gigante do setor de tecnologia. As declarações provocaram reações imediatas nos mercados, afetando tanto os índices acionários quanto o desempenho de empresas específicas.

O índice Dow Jones recuou 0,61%, encerrando o dia aos 41.603,07 pontos e acumulando queda semanal de 2,47%. Já o S&P 500 caiu 0,67%, fechando em 5.802,83 pontos, enquanto o Nasdaq teve o pior desempenho entre os principais índices, com queda de 1%, terminando a semana em 18.737,21 pontos. Esses números refletem o nervosismo dos investidores diante da possibilidade de medidas protecionistas que possam desorganizar cadeias globais de produção.

A Apple foi uma das empresas mais afetadas pelas declarações de Trump. O presidente sugeriu a aplicação de tarifas de pelo menos 25% sobre os dispositivos da empresa fabricados fora dos Estados Unidos, o que gerou uma queda de 3,02% nas ações da companhia, ampliando uma sequência negativa que já dura sete sessões consecutivas. A ameaça foi estendida também à Samsung, sinalizando uma intenção mais ampla de reestruturar o comércio de eletrônicos com base em produção doméstica.

Enquanto os mercados reagiam negativamente às ameaças de tarifas, alguns setores específicos apresentaram desempenho positivo. O setor nuclear, por exemplo, foi beneficiado por um anúncio do presidente de que pretende flexibilizar as exigências regulatórias para a aprovação de novos reatores nucleares. Empresas como Oklo e Centrus Energy se destacaram com altas expressivas de 23,06% e 20,44%, respectivamente.

Outra exceção foi a US Steel, cujas ações saltaram 21,61% após o anúncio de que a empresa continuará sediada nos Estados Unidos e formará uma parceria com a japonesa Nippon Steel. Trump afirmou que a fusão geraria cerca de 70 mil empregos e injetaria US$ 14 bilhões na economia americana, declaração que impulsionou a confiança dos investidores na companhia.

No campo macroeconômico, um dado positivo amenizou parcialmente a tensão: as vendas de moradias novas subiram 10,9% em abril em relação a março, contrariando as expectativas de queda. No entanto, esse alívio foi ofuscado pela sinalização de uma tarifa de 50% sobre importações da União Europeia, prevista para entrar em vigor já em 1º de junho, o que reacendeu os temores de uma nova rodada de retaliações comerciais entre grandes blocos econômicos.

Com o feriado de Memorial Day na segunda-feira, as bolsas de Nova York permanecerão fechadas, o que deve oferecer um respiro momentâneo ao mercado, mas sem dissipar as incertezas que pairam sobre a política comercial dos Estados Unidos nas próximas semanas.

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