COMO NOVOS DADOS ECONÔMICOS MOSTRARÃO RESPOSTA DO MUNDO ÀS TARIFAS DE TRUMP



A semana econômica global começa com atenção redobrada aos desdobramentos da trégua tarifária de 90 dias anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A suspensão temporária das tarifas recíprocas entre Washington e Pequim, vigente desde 9 de abril, está no centro das análises, à medida que indicadores econômicos de diversos países começam a refletir os efeitos dessa flexibilização.

Na segunda-feira, a China dá início à divulgação de seus dados de abril, com destaque para o desempenho do varejo, da indústria e do setor imobiliário. Espera-se estabilidade na taxa de desemprego e uma nova queda no investimento imobiliário, enquanto a produção industrial pode mostrar sinais de desaceleração. Ao final da semana, o país asiático também poderá reduzir suas taxas básicas de juros, como resposta aos impactos comerciais e à necessidade de estimular a economia doméstica.

Na quinta-feira, os índices de gerentes de compras (PMIs) de diversos países serão divulgados. Esses dados, referentes ao mês de maio, devem oferecer uma leitura mais atualizada da atividade industrial e de serviços em regiões como Austrália, Japão, zona do euro, Reino Unido e Estados Unidos. A expectativa é que os números tragam evidências dos primeiros efeitos positivos da trégua comercial, embora o cenário ainda seja de cautela diante da persistência de tarifas e incertezas geopolíticas.

A Europa também apresenta uma agenda econômica intensa. A Comissão Europeia divulgará previsões revisadas na segunda-feira, e o Banco Central Europeu (BCE) publicará na quarta-feira seu relatório de estabilidade financeira. Dados de confiança do consumidor, salários e vendas no varejo complementarão o panorama econômico da região. No Reino Unido, o foco será a inflação de abril, que pode atingir o maior patamar em mais de um ano, impulsionada pelo aumento nos preços de energia.

Na América do Norte, a reunião do G7 no Canadá deve representar uma tentativa de alinhamento político e econômico entre os principais países industrializados. Os ministros das finanças buscarão uma declaração conjunta sobre a conjuntura atual. Nos Estados Unidos, os investidores acompanham de perto os discursos de dirigentes do Federal Reserve, que podem sinalizar movimentos futuros na política de juros. O mercado imobiliário norte-americano, por sua vez, continua sob pressão, com projeções de queda nas novas contratações de imóveis.

Na América Latina, o Brasil divulga dados da atividade econômica de março, que devem confirmar uma desaceleração diante do impacto do aperto monetário prolongado. No Chile, os números do PIB do primeiro trimestre devem mostrar enfraquecimento em relação ao final de 2024. Já a Argentina pode registrar a primeira contração mensal em quase um ano, embora permaneça com projeções de liderança no crescimento regional em 2025.

Por fim, os mercados asiáticos acompanham decisões importantes, como o possível corte de juros na Austrália, e dados do Japão, incluindo exportações, importações e inflação. Outros países da região, como Malásia, Taiwan e Índia, trarão números sobre comércio exterior e atividade econômica que ajudarão a completar o retrato global de adaptação ao cenário pós-tarifas.

Com uma combinação de indicadores regionais, decisões monetárias e movimentos diplomáticos, a semana promete oferecer uma visão abrangente sobre os desafios enfrentados pelas principais economias do mundo após a tentativa norte-americana de redesenhar as regras do comércio internacional.

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