DÓLAR CAI ABAIXO DE R$ 5,70; POR QUÊ?

 


O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira em queda frente ao real, marcando o segundo dia consecutivo de desvalorização. A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,6549, com recuo de 0,25%. O desempenho reflete um movimento global de enfraquecimento do dólar, impulsionado por fatores externos e por sinalizações internas do Banco Central do Brasil.

No cenário internacional, os mercados reagiram à decisão da agência de classificação de risco Moody’s, que rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos de “Aaa” para “Aa1”. A justificativa foi o aumento da dívida federal e o avanço das taxas de juros. A mudança provocou uma elevação nos prêmios de risco dos títulos do Tesouro norte-americano e contribuiu para uma movimentação defensiva por parte dos investidores, com a retirada de posições compradas no dólar.

Esse movimento de aversão ao dólar se refletiu em várias economias, especialmente entre moedas de países emergentes. Além do real, outras moedas como o peso mexicano e o peso chileno também registraram valorização frente à divisa americana. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda dos Estados Unidos frente a uma cesta de seis moedas principais, caiu 0,42%, reforçando a tendência de enfraquecimento da moeda no dia.

No mercado futuro, o dólar também apresentou baixa. Às 17h02, o contrato com vencimento mais próximo registrava queda de 0,29%, sendo negociado a R$ 5,672 na B3. Já o dólar turismo era cotado a R$ 5,71 para venda e R$ 5,89 para compra, refletindo valores mais elevados devido à inclusão de taxas e impostos.

Apesar de ter começado o dia em alta, chegando a R$ 5,6903 na máxima, a moeda norte-americana perdeu força ao longo da manhã. O enfraquecimento foi influenciado pelo desempenho negativo do dólar em relação a outras moedas no exterior, além das falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.

Durante um evento realizado em São Paulo, Galípolo reforçou a postura de manutenção da taxa básica de juros em um nível restritivo por um período prolongado. A sinalização de compromisso com o controle da inflação foi bem recebida pelos mercados, fortalecendo a confiança nos fundamentos econômicos brasileiros. Além disso, a manutenção dos juros em patamar elevado contribui para manter o diferencial de juros favorável ao Brasil, o que atrai capital estrangeiro e favorece a valorização do real.

Outro fator que influenciou o câmbio foi a atuação do Banco Central no mercado. Pela manhã, a autoridade monetária vendeu a totalidade dos 30 mil contratos de swap cambial tradicional oferecidos, com vencimento em 2 de junho de 2025. A medida ajudou a garantir a liquidez do mercado e reforçou a estabilidade cambial ao longo do dia.

Combinando fatores internos positivos e um cenário externo que desfavoreceu o dólar, o real teve um desempenho sólido. A perspectiva de continuidade desse movimento dependerá do comportamento dos mercados internacionais, das decisões de política monetária e da evolução dos indicadores econômicos nos próximos dias.

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