O Departamento de Comércio dos Estados Unidos emitiu uma nova orientação que reforça a pressão sobre a Huawei e aprofunda a estratégia americana de contenção ao avanço tecnológico da China. Segundo a diretriz, o uso dos chips de inteligência artificial Ascend, desenvolvidos pela empresa chinesa, representa uma violação às normas de controle de exportação dos EUA, independentemente do local em que sejam empregados.
A determinação amplia significativamente o alcance das sanções já impostas contra a Huawei, dificultando ainda mais os esforços da companhia sediada em Shenzhen de expandir sua atuação no setor de semicondutores. A medida está inserida em uma estratégia maior do governo americano para limitar o acesso da China a tecnologias de ponta, especialmente as voltadas para a inteligência artificial, área considerada crítica na disputa global por supremacia tecnológica.
Os chips Ascend são a resposta da Huawei aos aceleradores dominantes da Nvidia, líder no fornecimento de hardware para IA. Com base na arquitetura de 7 nanômetros, considerada uma das mais avançadas que a China consegue fabricar atualmente, esses chips foram desenvolvidos com o objetivo de tornar a Huawei mais independente de fornecedores estrangeiros. No entanto, as novas barreiras impostas pelos EUA dificultam ainda mais o desenvolvimento, a fabricação e a distribuição desses componentes.
Além de mirar diretamente os chips da Huawei, o Escritório de Indústria e Segurança norte-americano anunciou que irá alertar o público sobre os riscos associados ao uso de chips fabricados por empresas americanas no treinamento e aplicação de modelos de IA chineses. O foco recai sobre os dois principais estágios da construção de inteligência artificial: o treinamento, no qual algoritmos são alimentados com grandes volumes de dados, e a inferência, quando o modelo realiza tarefas com base no conhecimento adquirido.
Paralelamente à orientação sobre a Huawei, o Departamento de Comércio dos EUA comunicou a revogação de certas regulamentações estabelecidas pelo governo Biden, que limitavam a exportação de semicondutores utilizados em IA. Essas regras haviam provocado resistência tanto por parte de empresas americanas, como Nvidia e Oracle, quanto de aliados internacionais, que temiam prejuízos comerciais e diplomáticos.
A intenção agora, conforme anunciado pelo próprio departamento, é substituir as diretrizes revogadas por uma nova estratégia, mais flexível e coordenada com países considerados confiáveis. O plano prevê a elaboração de acordos bilaterais que alinhem os interesses tecnológicos dos Estados Unidos com os de seus parceiros estratégicos, ao mesmo tempo em que restringem o acesso de nações rivais, como a China, às tecnologias mais sensíveis.
O novo posicionamento sinaliza uma reconfiguração da política externa e comercial americana em torno da inteligência artificial, transformando o setor em um campo prioritário na geopolítica global. Com isso, os Estados Unidos reforçam a intenção de manter a liderança no desenvolvimento de IA e ao mesmo tempo conter a ascensão tecnológica de seus principais concorrentes.
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