As gigantes do petróleo Exxon Mobil e Chevron protagonizam nesta semana um dos embates mais marcantes da indústria energética recente, disputando o controle de um dos projetos petrolíferos mais valiosos do mundo, localizado na costa da Guiana. O impasse gira em torno da tentativa da Chevron de adquirir a Hess Corporation por US$ 53 bilhões, negócio que a Exxon contesta com base em cláusulas contratuais que alegadamente lhe dão prioridade na compra da participação da Hess no campo de petróleo local.
O campo em disputa é um verdadeiro tesouro energético: trata-se de uma descoberta com reservas estimadas em 11 bilhões de barris de petróleo e gás. A Exxon, que já atua na Guiana em parceria com a Hess e a chinesa Cnooc, afirma ter o direito de preferência sobre qualquer transação envolvendo as ações da Hess no projeto. A Chevron e a própria Hess, por sua vez, argumentam que esse direito não se aplica à compra da empresa como um todo, e sim a vendas diretas de ativos.
A divergência jurídica levou a Exxon a acionar um processo de arbitragem internacional, cuja audiência decisiva teve início nesta segunda-feira, 26 de maio, em Londres. A previsão é que o veredito seja anunciado entre agosto e setembro. A disputa é vista como um divisor de águas para o futuro da exploração na Guiana, que tem se destacado como uma nova fronteira global do petróleo, especialmente em um contexto onde reservas acessíveis e de baixo custo tornam-se cada vez mais raras.
Além das implicações econômicas e estratégicas, a briga abalou o relacionamento entre os líderes das duas corporações. Até recentemente, os CEOs Darren Woods (Exxon) e Mike Wirth (Chevron) mantinham uma relação cordial, marcada por encontros e alinhamentos sobre operações conjuntas em diversas partes do mundo. A interferência da Exxon no negócio com a Hess, no entanto, teria colocado fim a essa harmonia.
A Chevron vê na aquisição da Hess uma oportunidade não apenas de ampliar sua presença na Guiana, mas também de incorporar ativos valiosos em outras regiões, como o Bakken Shale, nos Estados Unidos. No entanto, o principal atrativo da transação é mesmo a fatia da Hess no projeto guianense, cujo valor estimado é de aproximadamente US$ 40 bilhões, segundo análises de mercado.
O desfecho da arbitragem poderá redefinir não apenas a composição societária do consórcio que explora petróleo na Guiana, mas também o equilíbrio de forças entre duas das maiores petrolíferas do mundo. A decisão será tomada com base em cláusulas contratuais confidenciais, cuja interpretação vem gerando controvérsias intensas nos bastidores do setor.
Independentemente do resultado, a disputa já deixou marcas profundas nas relações entre as empresas envolvidas e acendeu um alerta sobre a crescente competição por ativos de alta qualidade no setor energético global.
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