MILEI TEM PLANO BILIONÁRIO ENVOLVENDO “DINHEIRO GUARDADO NO COLCHÃO”

 


O presidente da Argentina, Javier Milei, está prestes a apresentar um novo pacote de reformas fiscais com o objetivo de reintegrar à economia formal cerca de US$ 270 bilhões mantidos atualmente fora do sistema financeiro. Esses valores, acumulados por cidadãos desconfiados do peso argentino, dos bancos e do histórico de instabilidade política e econômica do país, representam uma parcela significativa da riqueza nacional escondida "sob os colchões", como se diz popularmente no país.

A proposta de Milei pretende criar incentivos para que os argentinos legalizem seus dólares guardados em casa, oferecendo garantias de que não serão punidos ou perseguidos por movimentar esses recursos. A medida busca relaxar controles de capital e flexibilizar regras de compliance fiscal que, por décadas, empurraram boa parte da população para a informalidade financeira.

Historicamente, a economia argentina convive com altos índices de inflação e sucessivos controles cambiais. Desde 2011, os governos impuseram duras restrições à compra e movimentação de dólares, o que impulsionou a proliferação do chamado “dólar blue” — um mercado paralelo de câmbio que opera fora do sistema legal. Em um contexto de inflação acumulada de quase 290% no ano passado, muitos argentinos passaram a armazenar divisas em casa como forma de proteger seu poder de compra.

Atualmente, cerca de metade da força de trabalho do país atua na informalidade, enquanto até mesmo trabalhadores com carteira assinada frequentemente recebem parte do salário fora do contracheque oficial. Compras de grande valor, como imóveis e automóveis, são realizadas em espécie, com pagamentos e valores declarados muitas vezes divergentes. Esse padrão generalizado de informalidade é tanto uma resposta à insegurança econômica quanto uma forma de escapar da carga tributária considerada elevada por muitos.

Com a nova proposta, o governo pretende formalizar parte desse capital sem abrir espaço para a lavagem de dinheiro ou o financiamento de atividades ilícitas. A medida pode gerar um impulso significativo no consumo e na circulação de recursos no curto prazo, sem a necessidade de expandir os gastos públicos — uma das promessas centrais da agenda de Milei.

O lançamento do pacote ocorre em um momento politicamente vantajoso para o presidente. Seu partido, La Libertad Avanza (LLA), conquistou uma importante vitória nas eleições legislativas em Buenos Aires, enfraquecendo a influência do tradicional PRO, que dominava a capital desde 2007. Além disso, o recente reconhecimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) aos esforços do governo no controle fiscal reforça a confiança de investidores e organismos internacionais.

A expectativa é que a medida também contribua para estabilizar o câmbio e fortalecer o peso argentino, reduzindo a dependência do dólar paralelo. Embora a reabilitação de recursos guardados informalmente seja um desafio, ela pode se tornar uma alternativa viável para dinamizar a economia num período de transição, enquanto reformas estruturais mais profundas ainda encontram obstáculos no Congresso.

Combinando pragmatismo fiscal e apelo popular, Milei aposta na recuperação da confiança como um primeiro passo para reconstruir a base financeira do país.

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