O Ibovespa encerrou a sessão desta sexta-feira (23) em alta de 0,40%, aos 137.824,29 pontos, recuperando-se de uma abertura marcada por forte aversão ao risco. O índice chegou a cair 1,66% nas primeiras horas do pregão, atingindo a mínima de 134.997,30 pontos, refletindo o impacto negativo das recentes decisões fiscais do governo brasileiro e das novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Apesar do início turbulento, o mercado reagiu positivamente ao recuo parcial do governo federal quanto ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A proposta de aplicar uma alíquota de 3,5% sobre fundos de investimento no exterior foi retirada, após forte pressão do mercado financeiro, o que trouxe alívio para os investidores e contribuiu para a reversão da tendência negativa do dia.
A movimentação do governo, no entanto, não apagou por completo as preocupações com a política fiscal. Ainda na quinta-feira, o Ministério da Fazenda anunciou a contenção de R$ 31,3 bilhões em despesas do Orçamento como parte da tentativa de atingir a meta de déficit fiscal zero em 2025. Embora a medida tenha potencialmente um efeito positivo na trajetória fiscal do país, o anúncio simultâneo do aumento do IOF sobre diversas operações ofuscou os impactos da contenção de gastos.
A revogação parcial do decreto e a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em São Paulo, foram vistas como tentativas de acalmar os mercados. Ele argumentou que o aumento de arrecadação não significaria um ajuste fiscal centrado exclusivamente nas receitas. Ainda assim, o gesto foi interpretado como sinal de que o governo está sensível à reação do mercado e disposto a recuar em pautas que gerem instabilidade.
As novas medidas do governo preveem uma arrecadação adicional estimada em R$ 20 bilhões e incluem elevação do IOF em operações de crédito para empresas, uso de cartão de crédito internacional e previdência privada. Mesmo com a reversão em parte das medidas, analistas destacam que o impacto sobre a percepção de risco já foi sentido e que a confiança dos agentes econômicos será recuperada apenas com sinais mais firmes de disciplina fiscal e previsibilidade.
No cenário externo, os mercados também enfrentaram incertezas. O presidente Donald Trump ameaçou aplicar uma tarifa fixa de 50% sobre importações da União Europeia a partir de 1º de junho. Além disso, afirmou que pode impor tarifas à Apple caso a empresa mantenha a produção de seus dispositivos fora dos EUA. Essas declarações geraram instabilidade global e pressionaram os mercados acionários, especialmente nos Estados Unidos.
Com o feriado do Memorial Day na próxima segunda-feira, os mercados internacionais terão uma pausa. No Brasil, o Ibovespa terminou a semana com uma queda acumulada próxima de 2%, refletindo um período de forte volatilidade, incertezas fiscais e tensões comerciais no cenário global.
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