POR QUE A CHINA SUSPENDEU A COMPRA DE FRANGO DO BRASIL POR 60 DIAS

 



O Ministério da Agricultura confirmou nesta sexta-feira (16) o primeiro caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial no Brasil. O foco foi detectado em Montenegro, no estado do Rio Grande do Sul, e já está mobilizando ações de contenção por parte das autoridades sanitárias. A descoberta levou automaticamente à suspensão das importações de carne de frango brasileira pela China, um dos principais compradores do produto.

O impacto comercial da medida é imediato, já que a China adota uma política rigorosa em casos de doenças em animais de produção. A suspensão tem validade de 60 dias, conforme os protocolos chineses, e poderá ser revisada dependendo da evolução do surto. Apesar da gravidade, o governo brasileiro acredita que, caso o controle da doença seja eficaz e não haja novos registros, o prazo pode ser encurtado e os embarques retomados antes do previsto.

A gripe aviária, causada pelo vírus influenza do tipo H5N1, já circula há anos em regiões da Ásia, Europa e África, mas até então o Brasil havia registrado apenas casos em aves silvestres. Este episódio marca a primeira vez em que o vírus é detectado em uma instalação comercial no país, o que eleva o nível de alerta sanitário e acende um sinal amarelo sobre os riscos de disseminação.

Em resposta imediata, o Ministério da Agricultura adotou medidas de contenção e isolamento da área afetada. Técnicos foram enviados para a granja com o objetivo de eliminar o foco, fazer o monitoramento das aves e evitar a propagação da doença para outras regiões produtoras. A prioridade é garantir que o vírus não atinja outras granjas comerciais e preservar o status sanitário do país.

A suspensão chinesa representa um desafio significativo, considerando a importância do mercado asiático para a exportação brasileira de carne de frango. Em 2023, a China foi responsável por cerca de 14% das compras externas do produto. No entanto, o Brasil conta com acordos comerciais com outros países, como Japão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, que permitem uma abordagem mais regionalizada em situações como esta. Isso significa que, para esses parceiros, o embargo pode se restringir ao estado afetado e, eventualmente, apenas ao município onde foi registrado o caso.

A regionalização do embargo é fundamental para limitar os prejuízos econômicos ao setor avícola nacional. O Rio Grande do Sul é um importante polo produtor, mas outras regiões do país seguem operando normalmente e sob monitoramento contínuo. Essa flexibilidade nos acordos ajuda a manter uma parte significativa das exportações ativas mesmo diante de incidentes sanitários pontuais.

Com o foco isolado e o controle rigoroso em andamento, as autoridades brasileiras seguem otimistas quanto à contenção do surto e à recuperação da confiança internacional nos próximos dias. O episódio, no entanto, serve como alerta para reforçar os protocolos de biossegurança nas granjas de todo o país, que agora entram em estado de atenção máxima para evitar novos registros.

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