POR QUE A CONFIANÇA DO CONSUMIDOR DOS EUA PIOROU AINDA MAIS EM MAIO?

 


A confiança do consumidor norte-americano voltou a cair em maio, refletindo um cenário de crescente incerteza econômica e percepção negativa em relação às políticas comerciais adotadas pela administração do presidente Donald Trump. Dados divulgados pela Universidade de Michigan mostram que o Índice de Confiança do Consumidor recuou para 50,8 neste mês, abaixo da leitura de 52,2 registrada em abril. A expectativa do mercado era de leve recuperação, mas a realidade foi de maior desânimo entre os consumidores.

A queda da confiança está fortemente associada à preocupação com os efeitos das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos em sua estratégia comercial mais agressiva. Um número significativo de consumidores mencionou espontaneamente as tarifas como fator de preocupação, indicando um aumento no nível de atenção e apreensão sobre como essas medidas podem impactar diretamente os preços ao consumidor e o custo de vida em geral. Em maio, quase três quartos dos entrevistados citaram as tarifas, número superior ao registrado em abril, quando cerca de 60% das famílias haviam feito menções espontâneas ao tema.

Esse ambiente de incerteza política e econômica tem efeito direto sobre a percepção das famílias quanto ao futuro financeiro. A preocupação com a volatilidade nas decisões de política comercial e os possíveis desdobramentos no mercado interno parecem pesar mais fortemente sobre a confiança das famílias em relação à estabilidade econômica e à sua segurança financeira.

Outro dado preocupante revelado pela pesquisa é o aumento nas expectativas de inflação de curto prazo. A projeção de inflação para os próximos 12 meses saltou de 6,5% em abril para 7,3% em maio, refletindo a percepção de que os preços continuarão a subir de maneira significativa. Tanto democratas quanto republicanos demonstraram preocupação com o aumento da inflação, o que indica um consenso político raro sobre o agravamento do cenário econômico no curto prazo.

Embora uma ligeira melhora na confiança tenha sido registrada entre os consumidores que se identificam como independentes, essa elevação foi totalmente anulada pela queda de 7% no índice entre os republicanos. Isso sugere que até mesmo os eleitores que tradicionalmente apoiam a administração atual estão começando a demonstrar descontentamento com os rumos da economia, especialmente diante do impacto direto das tarifas sobre o cotidiano das famílias.

O panorama atual coloca a economia dos Estados Unidos em uma situação delicada. A persistência na adoção de medidas comerciais imprevisíveis, associada à escalada dos preços e à perda de confiança da população, pode comprometer o desempenho do consumo interno — um dos principais motores da economia norte-americana. Com os consumidores mais cautelosos, o ritmo de crescimento pode desacelerar ainda mais, e os impactos podem se estender para outros setores, como o mercado de trabalho e o investimento empresarial.

A continuidade desse cenário dependerá das decisões que o governo tomará nas próximas semanas. A forma como os Estados Unidos conduzirão suas relações comerciais internacionais, especialmente com parceiros estratégicos, poderá determinar se a confiança voltará a se recuperar ou se o país enfrentará um ciclo prolongado de incertezas e instabilidade no humor dos consumidores.

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