A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, no Ceará, a Operação Serôdio, com o objetivo de desmantelar uma associação criminosa especializada em fraudes no sistema previdenciário brasileiro. A ação foi direcionada contra um grupo suspeito de inserir vínculos empregatícios falsos no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), utilizando de forma fraudulenta plataformas oficiais como a GFIP e o e-Social. Essas ferramentas são usadas por empregadores para declarar vínculos e contribuições previdenciárias de seus funcionários.
O CNIS funciona como a principal base de dados sobre a vida laboral dos cidadãos brasileiros, sendo fundamental para a concessão de benefícios como aposentadorias, seguro-desemprego e salário-maternidade. Ao forjar relações de trabalho inexistentes, os suspeitos conseguiam simular tempo de contribuição e direito a benefícios, lesando os cofres públicos e burlando o sistema do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
De acordo com as investigações, um dos alvos da operação é apontado como o principal articulador do esquema. Ele seria responsável pela criação de mais de 500 empresas fictícias, todas registradas formalmente, mas sem qualquer operação real. Essas empresas eram utilizadas como fachada para a simulação de vínculos empregatícios falsos, com o objetivo de facilitar a obtenção de benefícios indevidos junto ao INSS. O prejuízo estimado até o momento com as fraudes gira em torno de R$ 3,5 milhões.
A operação foi coordenada pela Polícia Federal com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Coordenação-Geral de Inteligência da Previdência Social (CGINP). Ao todo, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária, expedidos pela Justiça Federal. Os mandados foram executados em locais relacionados aos investigados, com o objetivo de recolher documentos, computadores, mídias e qualquer outro material que possa colaborar com o avanço das investigações.
Entre os alvos das buscas, estão também pessoas próximas ao principal suspeito, incluindo familiares cujos nomes teriam sido utilizados para ocultar a identidade dos reais operadores do esquema. A Polícia Federal apontou que os vínculos falsos não se limitavam apenas aos registros formais: também havia simulação de contribuições à Previdência, a fim de compor uma base sólida de dados fictícios e evitar a detecção das fraudes.
Os envolvidos poderão ser responsabilizados por diversos crimes, entre eles associação criminosa, estelionato previdenciário, falsidade ideológica, falsidade material e lavagem de dinheiro. As penas podem somar mais de vinte anos de prisão, dependendo da extensão da participação de cada investigado.
Além da atuação policial, há uma frente jurídica em andamento: a Advocacia-Geral da União (AGU) está movendo ações para bloquear bens e contas bancárias dos envolvidos, com o objetivo de garantir o ressarcimento aos cofres públicos. As investigações prosseguem, e a PF busca identificar outros beneficiários do esquema fraudulento.
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