O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta terça (17) e quarta-feira (18) para decidir o futuro da taxa básica de juros no Brasil, e o mercado está dividido. Segundo pesquisa realizada pela XP com 27 gestores de fundos multimercado, não há consenso sobre o resultado da reunião. Metade dos analistas aposta em um aumento de 0,25 ponto percentual, elevando a Selic de 14,75% para 15%. A outra metade acredita na manutenção do patamar atual.
Apesar dessa divisão, os gestores demonstram uma leve revisão para cima nas projeções para a taxa de juros até o final de 2025. A nova expectativa média é de 14,83%, um leve acréscimo em relação à projeção anterior de 14,77% divulgada em maio. O dado sugere que, mesmo com eventuais ajustes pontuais, o ciclo de alta da Selic pode estar próximo do fim, segundo percepção do mercado.
A inflação também está no radar dos analistas. A estimativa dos gestores para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 5,35% ao final do ano, abaixo dos 5,44% apontados no relatório Focus. A redução das pressões cambiais tem ajudado a conter os índices inflacionários, trazendo um pouco mais de tranquilidade aos investidores.
No que diz respeito ao crescimento econômico, o otimismo cresceu. A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 foi revisada para cima, de 2,11% para 2,38%. A mudança reflete uma percepção mais positiva sobre a recuperação da economia interna e o ambiente de negócios.
Um dos destaques do levantamento é o movimento dos gestores em relação ao mercado de juros. Houve um aumento das posições neutras, tanto em juros nominais quanto reais, o que sugere uma percepção de estabilização do ciclo de alta e maior cautela nas apostas sobre mudanças na política monetária.
Outro fator relevante é a reversão da tese de fortalecimento do dólar. As posições compradas na moeda americana caíram drasticamente de 70% em janeiro para apenas 5% em junho, enquanto as posições vendidas subiram de 13% para 95%. O cenário indica uma estratégia de desdolarização no curto prazo, com foco em outras regiões, como a Europa. Todos os gestores que operam com euro estão atualmente comprados na moeda, apontando uma migração do fluxo global de capitais para o bloco europeu.
As perspectivas em relação à economia global também evoluíram. A visão negativa caiu de 68% para 41%, enquanto a percepção neutra aumentou para 44% e a positiva alcançou 15%. No cenário doméstico, a tendência se repete: a visão negativa recuou de 35% para 22%, com leve aumento no otimismo.
No mercado de ações, o sentimento ainda é cauteloso. A maioria dos gestores permanece neutra em relação aos Estados Unidos e ao restante do mundo. No Brasil, a posição comprada subiu ligeiramente de 42% para 44%, sinalizando uma confiança moderada na recuperação dos ativos locais.
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