Alta do petróleo após ataque dos EUA ao Irã: como isso impacta as ações e dividendos da Petrobras?

 


O recente ataque dos Estados Unidos ao Irã provocou uma alta imediata no preço do petróleo, seguida de uma queda após o anúncio de cessar-fogo feito por Donald Trump. Esse vai e vem no mercado levanta a dúvida: as oscilações do petróleo e a instabilidade geopolítica global podem influenciar as ações da Petrobras (PETR4) e a distribuição de dividendos da estatal?

Preço do petróleo e impacto no curto e médio prazo

Especialistas destacam que, apesar da trégua temporária entre Washington e Teerã, a instabilidade geopolítica tende a manter os preços do petróleo elevados no curto e médio prazos. Este cenário é favorável para a Petrobras, pois se traduz em maior geração de caixa e valorização das ações.

Porém, outros fatores pressionam a balança. A OPEP+ confirmou que manterá o aumento gradual da produção, enquanto a Agência Internacional de Energia (AIE) projeta um excedente de 1,6 a 1,8 milhão de barris por dia para o segundo semestre de 2025. Caso a demanda global não acelere, esse superávit poderá pressionar os preços para baixo, reduzindo as margens da Petrobras e limitando a capacidade da empresa de distribuir dividendos.

Fatores internos e desafios para a Petrobras

Além do cenário externo, questões domésticas também influenciam o desempenho da estatal. A política de preços dos combustíveis, riscos de interferência política, governança corporativa e a condução da política de dividendos são elementos essenciais para investidores.

Atualmente, a Petrobras mantém uma alavancagem saudável, com dívida líquida inferior a uma vez o Ebitda, o que confere certa flexibilidade financeira. Entretanto, o plano de investimentos para 2024–2028 prevê um Capex de cerca de US$ 102 bilhões, exigindo disciplina na execução para evitar impactos negativos na remuneração dos acionistas.

Especialistas alertam que desvios na execução do plano de investimentos podem prejudicar a geração de caixa e, consequentemente, os dividendos.

Cenário de dividendos e expectativas para 2025

Nos últimos 12 meses, o dividend yield da Petrobras girou em torno de 17%, um valor bastante atrativo. Para o segundo semestre de 2025, no entanto, as projeções são mais conservadoras, estimando o yield entre 12% e 14%. Isso ocorre em função dos investimentos crescentes, maior retenção de lucros e possíveis pressões para baixar preços do petróleo.

Apesar disso, a presidente-executiva da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a empresa fará “muito esforço” para pagar dividendos extraordinários ainda neste ano, embora ressalte que o mercado de petróleo é fator determinante para essa possibilidade.

Vale a pena investir na Petrobras?

Para investidores focados em renda passiva, a Petrobras continua atraente graças ao alto dividend yield. Contudo, a volatilidade dos preços do petróleo e o risco de maior interferência estatal exigem cautela.

O valuation da Petrobras segue descontado em comparação com concorrentes globais, refletindo as incertezas políticas e regulatórias. Esse desconto pode ser uma oportunidade para investidores que aceitam esses riscos.

Como destacou Hugo Queiroz, diretor da L4 Capital, a Petrobras tem potencial interessante no curto prazo, mas a continuidade da atual gestão será decisiva para a manutenção da rentabilidade e distribuição de dividendos.


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