ANAC SUSPENDE VOOS DOS CORREIOS

 


A partir de 4 de junho, os Correios estão proibidos de realizar qualquer operação aérea de transporte de cargas, conforme decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A medida cautelar foi tomada após uma fiscalização conduzida entre fevereiro e abril deste ano, que identificou falhas graves no cumprimento de normas de segurança relativas ao envio de cargas por via aérea.

A inspeção apontou que a estatal descumpriu completamente exigências básicas para garantir a segurança no transporte, como a obrigação de transportar apenas malas postais com conteúdo declarado e a exigência de que funcionários qualificados acompanhem a preparação dessas cargas. Outras medidas de segurança previstas na regulamentação também foram parcialmente ignoradas, o que motivou a agência reguladora a intervir de forma imediata.

A decisão da Anac prevê a suspensão total dos serviços de transporte aéreo dos Correios até que a empresa comprove o cumprimento das exigências de segurança. Para reverter a medida, a estatal e os operadores aéreos parceiros deverão apresentar um cronograma de adequação às normas e uma análise de risco conjunta que ateste a segurança das operações. O objetivo da Anac é assegurar que o transporte de cargas, especialmente por via aérea, não represente riscos por falhas na triagem ou controle de materiais perigosos.

Em resposta à determinação, a presidência dos Correios informou que a empresa já vinha dialogando com a Anac há meses e que está em processo avançado de regularização. Uma reunião está agendada para o dia 3 de junho, véspera da entrada em vigor da suspensão, com o objetivo de validar as medidas corretivas implementadas até o momento. A empresa alega que tem feito os ajustes necessários e aposta em um entendimento com a agência antes que a paralisação entre em vigor.

A estatal também afirma que os problemas de segurança identificados são herança de administrações anteriores e que sua atual gestão está comprometida em resolver a situação. Entre os entraves herdados, destaca-se a ausência de equipamentos de raio-X nos pontos de entrada das cargas nos aeroportos, o que dificulta a triagem adequada dos volumes transportados por avião. Para enfrentar esse gargalo, os Correios adquiriram novos equipamentos e vêm promovendo treinamentos para as equipes envolvidas na operação.

Segundo o presidente da estatal, os problemas remontam a 2015 e só começaram a ser enfrentados de forma estruturada nos últimos meses. Ele também apontou que o processo de tentativa de privatização da empresa, ocorrido em governos anteriores, teria deixado lacunas nos investimentos em infraestrutura e segurança, agravando os desafios atuais.

A suspensão determinada pela Anac pode impactar significativamente a logística dos Correios, especialmente no transporte de encomendas urgentes entre diferentes regiões do país. A empresa corre contra o tempo para evitar a paralisação, que afetaria tanto a operação interna quanto o atendimento à população.

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