ANALISTAS APONTAM AÇÃO DE BANCO BRASILEIRO COMO PROMISSORA, MAS ALERTAM PARA RISCO ATRELADO AO BANCO DO BRASIL

 


O ano de 2025 começou com um clima de incerteza no setor financeiro, mas rapidamente o mercado passou a viver uma realidade mais otimista do que se previa. Apesar das expectativas de desaceleração econômica e endurecimento das condições de crédito, o que se viu foi uma expansão significativa da carteira de empréstimos, sobretudo no segmento de pessoa física. Com crescimento superior a 10% ao ano e inadimplência ainda sob controle, o ambiente mostrou-se favorável para grandes instituições financeiras.

Nesse cenário, o Itaú tem se destacado como uma das apostas mais sólidas entre os gestores de fundos e analistas de mercado. O banco mantém um retorno sobre o patrimônio líquido (ROI) robusto, em torno de 23%, além de apresentar uma sólida capitalização. Essas características garantem ao Itaú uma performance estável, mesmo diante de eventuais turbulências econômicas. Muitos especialistas apontam que o banco ainda pode surpreender, especialmente por conta de seu perfil conservador em provisões e capacidade para crescer tanto organicamente quanto por meio de aquisições.

O debate sobre o futuro do banco, porém, vai além dos resultados financeiros. Analistas avaliam que há uma oportunidade estrutural importante no avanço da digitalização, sobretudo voltada ao público de baixa renda — um segmento dominado atualmente por fintechs. Se o Itaú conseguir melhorar sua eficiência digital nesse nicho, o potencial de valorização pode ser substancial, segundo alguns gestores. Por outro lado, há dúvidas sobre a disposição do banco em adotar uma postura mais agressiva, rompendo com seu histórico de cautela.

Outra discussão recorrente entre investidores diz respeito à escolha entre investir diretamente nas ações do banco (ITUB4) ou na holding controladora, a Itaúsa (ITSA4). A Itaúsa negocia com desconto em relação ao banco e distribui os mesmos dividendos, além de possuir participações em outras empresas, como Alpargatas e Copagaz. A expectativa de uma reforma tributária a partir de 2027 pode diminuir esse desconto, tornando a holding uma opção atrativa. No entanto, há quem prefira investir apenas no banco, alegando que os demais ativos da holding não têm o mesmo potencial ou estabilidade.

Enquanto o Itaú consolida sua posição de destaque, o Banco do Brasil enfrenta um momento desafiador. Após resultados frustrantes no primeiro semestre, analistas passaram a adotar uma postura mais cautelosa com relação ao banco estatal. A inadimplência crescente no setor do agronegócio — que representa uma parcela relevante da carteira do BB — já preocupa, chegando perto de 4%, com expectativa de agravamento nos próximos trimestres. Isso porque o modelo de crédito rural costuma concentrar os pagamentos no final do ciclo, o que ainda pode revelar inadimplências não captadas.

Além disso, a carteira não relacionada ao agronegócio também apresentou sinais de deterioração, gerando um alerta sobre o desempenho geral do banco. A estrutura dos financiamentos, somada ao número elevado de renegociações, pode estar mascarando riscos maiores, dificultando uma leitura clara sobre a saúde financeira do portfólio do Banco do Brasil.

Com o setor bancário passando por transformações estruturais e operacionais, os investidores devem manter atenção redobrada aos fundamentos e estratégias de cada instituição. Nesse ambiente, o Itaú segue como referência de estabilidade, enquanto outros players, como o Banco do Brasil, enfrentam ventos contrários.

Comentários