A gigante de tecnologia Apple enfrenta uma ação coletiva movida por acionistas que alegam terem sido prejudicados financeiramente devido à forma como a empresa comunicou seu progresso no uso de inteligência artificial (IA) em seus produtos, especialmente a assistente de voz Siri. O processo, apresentado nesta sexta-feira no tribunal federal de São Francisco, acusa a Apple de fraude em valores mobiliários, sob o argumento de que teria minimizado os desafios e o tempo necessário para integrar IA avançada em seus dispositivos.
A queixa abrange investidores que compraram ações da Apple ao longo de um período de um ano até 9 de junho deste ano, quando ocorreu a Conferência Mundial de Desenvolvedores (WWDC). Segundo os acionistas, a Apple teria alimentado expectativas elevadas sobre a implementação de IA generativa na Siri, levando a crer que os novos recursos estariam presentes já nos iPhones 16. No entanto, a empresa teria, internamente, ciência de que não possuía um protótipo funcional e que os avanços prometidos não estariam prontos dentro do cronograma.
Entre os réus da ação estão o CEO Tim Cook, o atual diretor financeiro Kevan Parekh e o ex-CFO Luca Maestri. Os acionistas afirmam que declarações feitas por esses executivos contribuíram para criar uma imagem otimista e, segundo eles, enganosa sobre a real capacidade tecnológica da Apple naquele momento. A confiança depositada pelos investidores nos planos de IA da empresa teria influenciado diretamente a valorização das ações da companhia, que posteriormente sofreram perdas significativas.
De acordo com os autores do processo, o momento em que a verdade começou a emergir foi em 7 de março de 2025, quando a Apple anunciou o adiamento de algumas funcionalidades prometidas para a Siri, agora previstas apenas para 2026. A frustração dos mercados se intensificou em 9 de junho, durante a mais recente edição da WWDC, quando os recursos apresentados em IA foram considerados tímidos frente às expectativas geradas no ano anterior.
O centro da controvérsia está no chamado Apple Intelligence, sistema que prometia transformar a Siri em uma ferramenta mais poderosa, responsiva e integrada com os demais produtos da marca. No entanto, para os acionistas, a empresa teria superestimado publicamente sua capacidade de entrega, sem que existissem garantias técnicas reais de que as novidades seriam lançadas em tempo hábil para impactar a próxima geração do iPhone.
Com o processo, os investidores buscam reparação por perdas que alegam totalizar centenas de bilhões de dólares. O episódio ilustra os desafios enfrentados por grandes corporações na transição para tecnologias emergentes como a inteligência artificial, especialmente quando há expectativas elevadas e o mercado responde fortemente a anúncios futuros.
A Apple, até o momento, não comentou o processo. A ação coletiva ainda está em seus estágios iniciais e pode se arrastar por meses nos tribunais, enquanto os investidores buscam comprovar que foram induzidos ao erro por uma comunicação corporativa considerada enganosa.
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