BANCO APONTA VALORIZAÇÃO POTENCIAL DE 40% EM AÇÃO DE EMPRESA BRASILEIRA

As ações da Eletrobras voltaram ao centro das atenções do mercado financeiro nesta semana, impulsionadas por uma série de revisões positivas promovidas pelo Bradesco BBI. O banco de investimentos aumentou o preço-alvo dos papéis preferenciais classe B (ELET6) para R$ 65, o que representa um potencial de valorização de cerca de 40% frente aos níveis atuais. A recomendação de "outperform", que indica desempenho acima da média do mercado, foi mantida.

A reavaliação tem como base três fatores principais: a decisão final da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre os reembolsos da Rede Básica Sistema Existente (RBSE), ajustes nas projeções hidrológicas e novos dados macroeconômicos. A RBSE representa valores de indenização que transmissoras de energia têm direito a receber por ativos não depreciados após a renovação de concessões em 2012. A Aneel definiu, no início de junho, que o repasse será de R$ 5,5 bilhões ao ano entre 2025 e 2028 — valor abaixo do corte inicialmente previsto e considerado positivo pelo mercado. A Eletrobras é a principal beneficiada, com 73% desse montante.

Além disso, o banco revisou suas premissas para o GSF (Generation Scaling Factor), índice que avalia a relação entre a geração real de energia e a garantia física do sistema. Diante da expectativa de menor disponibilidade hídrica, os índices foram ajustados para baixo, com impactos diretos sobre o desempenho da Eletrobras no mercado de curto prazo. A companhia deve atuar como vendedora líquida no mercado spot, com uma média de 2,2 gigawatts no segundo trimestre.

Apesar dos desafios hidrológicos, o Bradesco BBI mantém uma postura conservadora em relação ao preço da energia no segundo semestre, projetando R$ 200 por megawatt-hora (MWh), mesmo com curvas futuras indicando valores mais altos. A precaução se justifica por fatores climáticos, possibilidade de revisão nas projeções de demanda e flexibilizações operacionais na malha de transmissão.

Com relação ao impacto financeiro, estima-se que a empresa registre perdas de R$ 200 milhões no segundo trimestre devido à exposição ao mercado spot — uma melhora expressiva frente ao prejuízo entre R$ 700 milhões e R$ 900 milhões estimado para os primeiros três meses do ano. A redução se deve a menores vendas no Sudeste e a uma diferença de preços regional mais contida.

Outro fator relevante é o lançamento contábil de uma provisão não caixa de R$ 3,4 bilhões no segundo trimestre de 2025, relacionado ao ajuste do RBSE. Apesar de esse ajuste zerar o lucro líquido da companhia segundo as normas internacionais de contabilidade (IFRS), ele não comprometerá a distribuição de dividendos, já que a empresa pode utilizar lucros acumulados ou regulatórios.

Diante desse cenário, o Bradesco BBI também revisou suas projeções de Ebitda para a companhia: R$ 5,2 bilhões no segundo trimestre, R$ 5,3 bilhões no terceiro e R$ 5,9 bilhões no quarto. Para o ano, espera-se R$ 21,4 bilhões, número próximo ao consenso de mercado.

Por fim, o preço-alvo das ações ON (ELET3) foi elevado de R$ 57 para R$ 59, e a rentabilidade implícita dos papéis permanece atrativa, superando os títulos públicos atrelados à inflação em mais de 5 pontos percentuais.

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