BANCO CENTRAL AUMENTA TAXA DE JUROS; O QUE ESPERAR DE AGORA EM DIANTE?

 


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (18), elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, levando a Selic a 15% ao ano. A decisão foi bem recebida por economistas e analistas do mercado, que a consideram compatível com o atual cenário macroeconômico e necessária para manter a trajetória de controle da inflação.

A avaliação predominante entre especialistas é de que o Banco Central está adotando uma postura cautelosa diante das incertezas tanto no ambiente doméstico quanto no externo. Apesar de reconhecer sinais de moderação no crescimento econômico, o Copom apontou que a atividade ainda apresenta algum dinamismo, especialmente no mercado de trabalho. Por isso, optou por reforçar o tom conservador, indicando que a taxa de juros deve permanecer elevada por um período prolongado.

O comunicado da autoridade monetária foi interpretado como uma sinalização clara de que o ciclo de altas está encerrado, mas que cortes nos juros não devem ocorrer tão cedo. O comitê destacou a importância de avaliar os efeitos defasados das medidas já implementadas, mantendo o atual nível de aperto monetário para evitar a antecipação, por parte do mercado, de uma redução nas taxas nos próximos trimestres.

As expectativas de inflação ainda pressionadas justificam essa estratégia. Segundo o Copom, os dados mais recentes mostram que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e os seus componentes subjacentes seguem acima da meta estipulada. As projeções para os anos de 2025 e 2026 continuam elevadas, em torno de 5,2% e 4,5%, respectivamente, reforçando a necessidade de manter os juros em nível restritivo.

A decisão também foi interpretada como um esforço do Banco Central para preservar sua credibilidade e independência. O plano base, segundo analistas, é deixar a Selic em 15% até pelo menos o fim de 2025, permitindo que a política monetária atue plenamente sobre a inflação e estabilize as expectativas futuras.

No cenário externo, o ambiente continua incerto. A política comercial dos Estados Unidos e o ritmo da desaceleração global geram impactos diversos sobre os preços internacionais e afetam diretamente países emergentes como o Brasil. A volatilidade nos mercados financeiros internacionais também impõe cautela às autoridades monetárias locais.

No plano doméstico, apesar da manutenção de alguma força na atividade econômica e no emprego, já se observa desaceleração em setores importantes. O balanço de riscos para a inflação permanece equilibrado, com fatores que podem pressionar tanto para cima quanto para baixo. Entre os riscos de alta estão a desancoragem das expectativas, a resiliência da inflação de serviços e a instabilidade fiscal. Do lado oposto, a possibilidade de um desaquecimento mais forte da economia e quedas adicionais nos preços das commodities podem aliviar a pressão sobre os preços.

Com essa decisão, o Copom busca consolidar uma estratégia de longo prazo, assegurando o compromisso com a estabilidade de preços. Cortes na Selic só devem ocorrer a partir de 2026, caso os indicadores econômicos mostrem melhora consistente.

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