BOLSA BRASILEIRA TEM QUARTA QUEDA SEGUIDA; SAIBA O MOTIVO

 


Com o início de junho, o mercado financeiro brasileiro enfrenta mais um dia marcado por incertezas, que se refletem nas quedas do Ibovespa e do dólar, além da alta dos juros futuros. O principal índice da Bolsa paulista fechou com baixa de 0,18%, aos 136.786,65 pontos, enquanto o dólar comercial recuou 0,75%, cotado a R$ 5,675. Já os DIs, que representam os juros futuros, registraram alta ao longo de toda a curva, indicando maior percepção de risco pelos investidores.

A instabilidade que persiste desde o início do ano tem na guerra comercial dos Estados Unidos o principal fator externo de preocupação. Na última sexta-feira, o presidente americano Donald Trump anunciou a intenção de dobrar as tarifas sobre o aço importado, elevando-as de 25% para 50%. A medida provocou reação imediata da União Europeia, que ameaçou retaliar, elevando o nível de tensão comercial entre as maiores potências econômicas do mundo.

O efeito desse movimento foi sentido nas bolsas europeias, que fecharam majoritariamente em queda, enquanto os mercados americanos também iniciaram o dia no vermelho. No entanto, a possibilidade de uma conversa entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping trouxe alívio ao mercado. A notícia impulsionou uma recuperação dos ativos nos Estados Unidos, fazendo com que o Dow Jones terminasse o pregão em alta, mesmo que discreta. O Federal Reserve, por sua vez, mantém-se em compasso de espera, acompanhando os desdobramentos da política econômica global.

No Brasil, o cenário se complica ainda mais devido às incertezas fiscais domésticas. A alta da taxa Selic já começa a impactar negativamente os investimentos em infraestrutura, conforme alertas recentes do setor. Além disso, a discussão em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) tem gerado apreensão entre investidores e políticos, já que a proposta é vista como um componente crítico para o equilíbrio das contas públicas. O ministro da Fazenda trabalha contra o relógio para ajustar a proposta e atender às demandas do Congresso, que impõe prazos para as decisões fiscais.

Em meio a esse ambiente turbulento, alguns setores mostraram desempenho positivo na bolsa. As ações das companhias aéreas Azul e Gol tiveram valorização, impulsionadas por expectativas favoráveis após suas situações judiciais recentes e resultados operacionais preliminares. A Embraer, contudo, enfrentou queda leve, apesar de notícias otimistas relacionadas a possíveis contratos militares.

O setor siderúrgico respondeu diretamente às notícias sobre as tarifas do aço. A Gerdau, que atua majoritariamente no segmento de produtos longos nos EUA, registrou forte alta de 5,05%, refletindo uma possível melhora nos preços domésticos do aço. Por outro lado, outras siderúrgicas como CSN e Usiminas sofreram pequenas perdas, mostrando que o impacto das tarifas ainda gera divisões no mercado.

No segmento de petróleo, a Petrobras anunciou um corte no preço da gasolina pela primeira vez em mais de um ano, o que, apesar da alta do petróleo no mercado internacional, contribuiu para a valorização de suas ações. A Vale também registrou ganhos modestos, mas a força dessas duas gigantes não foi suficiente para impulsionar o Ibovespa para o azul, já que o setor bancário apresentou desempenho fraco, com destaque negativo para o Banco do Brasil.

Os frigoríficos encerraram o pregão de forma mista, com a JBS recuperando-se no final e terminando com leve alta. Para os próximos dias, o mercado seguirá atento à divulgação dos dados econômicos no Brasil e no exterior, especialmente sobre produção industrial, mercado de trabalho e inflação, embora as discussões sobre as tarifas dos EUA continuem sendo o fator predominante na definição do humor dos investidores.

Assim, junho começa exatamente como muitos meses deste ano: marcado pela incerteza e pela volatilidade, em um cenário global e doméstico que ainda precisa de respostas mais claras para que o mercado possa respirar aliviado.

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