Após concluir um processo de recuperação judicial e realizar um aumento de capital estimado em R$ 12 bilhões, a Gol Linhas Aéreas adotou uma medida para evitar movimentos especulativos no mercado: agrupou suas ações em lotes de 1.000 unidades. A iniciativa ocorre após a companhia emitir 8,2 trilhões de ações ordinárias e 968,8 bilhões de ações preferenciais, em um dos maiores processos de diluição já registrados no mercado brasileiro.
Como consequência, os papéis da empresa passaram a ser negociados sob novos códigos: GOLL53 para ações ordinárias e GOLL54 para ações preferenciais. A mudança teve impacto imediato nas negociações. As ações preferenciais, GOLL54, dispararam 1.874,04% e chegaram a ser cotadas a R$ 200,01, em razão da nova precificação após o agrupamento.
Antes da mudança, as ações da Gol vinham sendo negociadas próximas de R$ 1. Com a emissão massiva de novos papéis, os preços simbólicos estabelecidos foram de R$ 0,0002857142 por ação ordinária e R$ 0,01 por ação preferencial. O movimento causou uma diluição de 99,8% para os acionistas que já detinham papéis da companhia antes da operação, o que afetou duramente os investidores de varejo.
Com a reorganização, o controle da empresa também mudou de mãos. A Abra, holding que integra a Gol e a Avianca, passou a deter aproximadamente 80% do patrimônio da companhia aérea brasileira, consolidando-se como acionista majoritária após a reestruturação do capital.
A B3, bolsa de valores brasileira, interveio de forma proativa para conter distorções no mercado. A principal ação foi a substituição dos tickers GOLL3 e GOLL4 pelos novos códigos, e a exigência de que as ações fossem negociadas apenas em lotes de 1.000 unidades. A justificativa para a medida é que, se as ações continuassem a ser negociadas individualmente, variações mínimas de preço gerariam oscilações percentuais enganosas e abririam margem para manipulação de mercado.
Embora a negociação em lotes fracionários continue permitida, a B3 busca, com a medida, proteger os investidores mais vulneráveis, especialmente os de varejo. Atualmente, mais de 100 mil pessoas físicas possuem ações da Gol, o que eleva a responsabilidade da bolsa em evitar que um cenário semelhante ao das Lojas Americanas se repita. Naquele caso, milhares de investidores foram prejudicados após uma queda abrupta e inesperada no valor das ações.
O movimento da Gol marca uma nova fase para a companhia aérea, que busca recuperar a confiança do mercado e dos investidores após o período conturbado de recuperação judicial. A reestruturação acionária, embora agressiva, representa uma tentativa de retomar a estabilidade financeira, atrair novos investidores institucionais e afastar a especulação que prejudica a credibilidade da empresa no pregão.
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