As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) têm enfrentado uma sequência de sessões marcadas por forte volatilidade, refletindo a combinação de fatores internos e externos que mexem com o humor do mercado. Em meio a tensões geopolíticas, expectativas sobre distribuição de dividendos e revisões de recomendações por grandes instituições financeiras, os papéis da estatal seguem com desempenho instável e múltiplos vetores de influência.
Nesta quinta-feira (12), os papéis preferenciais (PETR4) subiram 2,25%, enquanto as ações ordinárias (PETR3) avançaram 2,76%, mesmo com o recuo do petróleo no mercado internacional. A alta foi impulsionada por uma sinalização do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a possibilidade de o governo contar com dividendos extraordinários de estatais para ajudar a atingir a meta fiscal deste ano. Essa declaração animou os investidores, reacendendo as apostas de que a Petrobras possa realizar distribuições adicionais de lucros, além das previstas.
Ao longo da semana, o petróleo viveu momentos de alta expressiva, alcançando as maiores cotações desde o início de abril. O avanço se deu após relatos de que os Estados Unidos estariam preparando a evacuação de sua embaixada no Iraque, elevando os temores sobre a estabilidade no segundo maior produtor da Opep. O movimento surpreendeu operadores e elevou o preço do barril do Brent, que se aproximou de US$ 70, beneficiando as ações da Petrobras, que acumulam ganhos entre 6% e 7% na semana.
Apesar da recuperação recente dos papéis, o sentimento entre analistas de grandes instituições internacionais tem sido de maior cautela. O Bank of America rebaixou sua recomendação para as ações preferenciais da Petrobras de compra para neutra, apontando incertezas relacionadas à política de dividendos e uma preferência por ações domésticas em geral. Já o Santander tomou decisão semelhante no início da semana, reduzindo a avaliação de desempenho acima da média para neutra, devido à expectativa de deterioração financeira da empresa nos próximos anos.
Segundo o banco, se os preços do petróleo se mantiverem em torno de US$ 65 por barril em 2025 e 2026, o retorno com dividendos pode não superar 10% ao ano — um patamar considerado pouco atrativo, especialmente se forem levadas em conta apenas as distribuições ordinárias. Além disso, os analistas destacaram o aumento de projetos em operação e um descompasso entre a política de dividendos e a geração real de caixa, o que pode elevar a alavancagem da empresa acima dos níveis observados em outras gigantes do setor.
Ainda assim, a maior parte do mercado mantém recomendação positiva para os papéis da Petrobras. De acordo com levantamento da Reuters, entre dez análises recentes, oito indicam compra, enquanto apenas duas sugerem manter posição neutra.
O cenário, portanto, permanece indefinido, com a Petrobras dividida entre os impactos favoráveis de fatores conjunturais e as preocupações estruturais com sua saúde financeira e estratégias futuras.
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