Os Estados Unidos e a China deram mais um passo rumo à redução de tensões econômicas nesta quarta-feira, com a formalização de um acordo em Londres para implementar o pacto de diminuição de tarifas firmado no mês passado. O anúncio foi feito pelo secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, durante uma audiência na Câmara dos Deputados dos EUA. A medida é vista como uma tentativa de estabilizar a relação entre as duas maiores economias do mundo, após anos de disputas comerciais.
O acordo representa uma continuidade nos esforços de ambos os países para reconstruir canais de cooperação e amenizar os impactos negativos gerados por anos de tarifações recíprocas. Para autoridades americanas, a nova fase do entendimento oferece uma oportunidade de moderação nas práticas comerciais e pode favorecer um cenário de maior previsibilidade para empresas e mercados financeiros globais.
Apesar da iniciativa, o discurso oficial não escondeu a cautela do governo dos Estados Unidos em relação à postura econômica da China. Bessent afirmou que Pequim enfrenta sérios desafios internos, como a crise no setor imobiliário e o enfraquecimento da demanda doméstica, e ressaltou que o país asiático não deve buscar sua recuperação econômica exclusivamente por meio do aumento das exportações.
A fala reflete a preocupação norte-americana com possíveis práticas comerciais desleais por parte da China, como subsídios industriais e desvalorização cambial, que poderiam afetar a competitividade de empresas americanas em setores estratégicos. Ao mesmo tempo, o governo Biden busca manter uma linha de diálogo que permita avançar em questões críticas, como o equilíbrio da balança comercial e o cumprimento de acordos multilaterais.
Do lado chinês, a postura oficial tem oscilado entre o otimismo com os avanços nas negociações e o tom firme diante de eventuais confrontos. Em comunicado divulgado após o encontro em Londres, o governo de Pequim reiterou que "não há vencedores em uma guerra comercial", mas reforçou que o país está preparado para se defender caso seja necessário. A mensagem deixa claro que, embora favorável ao entendimento, a China não abrirá mão de seus interesses estratégicos.
O pacto de redução tarifária firmado no mês anterior foi visto como uma sinalização positiva, especialmente por setores que dependem de cadeias globais de produção. Indústrias nos ramos de tecnologia, automóveis e bens de consumo vêm pressionando por medidas que facilitem o fluxo comercial e reduzam os custos associados a tarifas bilaterais impostas durante os anos de conflito.
No entanto, analistas ressaltam que a estabilidade duradoura nas relações entre os dois países dependerá de uma coordenação mais ampla em temas como propriedade intelectual, subsídios governamentais e regras de concorrência. O novo compromisso pode ser apenas o início de um processo mais longo e complexo, que exigirá concessões mútuas e maior transparência nas políticas econômicas de cada lado.
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