COMO A BOLSA BRASILEIRA SUBIU HOJE APESAR DA REPERCUSSÃO RUIM DA MP DOS IMPOSTOS?



O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, avançando 0,49% e encerrando o pregão aos 137.799,74 pontos. A movimentação do índice refletiu o otimismo pontual com ações de peso, como Petrobras, ao mesmo tempo em que o mercado digeria um conjunto de medidas econômicas anunciadas pelo governo. O volume financeiro somou R$ 18,6 bilhões, com o índice oscilando entre a mínima de 136.175,43 pontos e a máxima de 137.931,05.

O pano de fundo da sessão foi a divulgação de uma medida provisória e de um decreto que alteram o cenário tributário para instituições financeiras, aplicações financeiras e operações com criptoativos. O governo estima que essas alterações tragam um incremento na arrecadação de R$ 10,5 bilhões ainda em 2025, com um salto para R$ 20,9 bilhões em 2026.

Apesar do avanço no índice, o sentimento dominante no mercado foi de cautela. As mudanças nas regras do IOF e do Imposto de Renda sobre investimentos geraram incertezas, sobretudo diante da resistência expressa por lideranças políticas na Câmara dos Deputados. A percepção de instabilidade fiscal e os sinais de que o pacote do governo poderá enfrentar dificuldades de tramitação no Congresso adicionaram volatilidade aos negócios.

Entre os destaques positivos do dia, as ações da Petrobras tiveram papel central na sustentação do Ibovespa. Os papéis preferenciais (PETR4) subiram 2,25%, enquanto os ordinários (PETR3) avançaram 2,76%. Mesmo com a pressão do petróleo no cenário internacional, a estatal foi favorecida por declarações do ministro da Fazenda indicando a importância das estatais na estratégia para atingir a meta fiscal do ano.

No setor financeiro, o desempenho foi misto. As ações do Itaú Unibanco subiram 0,77% e as do Bradesco, 0,98%, refletindo avaliações sobre os impactos das novas alíquotas de tributos. O Banco do Brasil teve leve alta de 0,09%, enquanto o Santander Brasil registrou queda de 0,86%. O BTG Pactual teve um dos melhores desempenhos, com alta de 2,56%.

Por outro lado, a B3 ON caiu 1,96%, sob o peso de projeções negativas para os lucros da empresa diante das mudanças na CSLL previstas na MP. A XP Inc, negociada em Nova York, recuou 4,32%, também influenciada pela mesma expectativa de queda de lucros com o novo pacote tributário.

No setor de commodities, a Vale ON cedeu 0,66%, acompanhando a leve retração dos contratos futuros do minério de ferro na China. Já a Embraer se destacou positivamente, com alta de 4,29%, impulsionada por expectativas para o Paris Air Show, onde é comum o anúncio de novos pedidos de aeronaves.

Entre as perdas, MRV&CO caiu 4,68% após sequência de ganhos, enquanto BRF recuou 3,14% em sessão de ajustes. A JBS também esteve no radar, após anunciar o adiamento da estreia de suas ações na Bolsa de Nova York, prevista inicialmente para esta quinta-feira.

Apesar do fechamento positivo, o mercado segue em compasso de espera por mais definições fiscais e políticas. A expectativa é de novas reações à proposta do governo nos próximos dias, o que deve manter a volatilidade elevada.

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