COMO O DESEMPENHO DO DÓLAR NESTA QUARTA-FEIRA REFLETE INCERTEZA ENVOLVENDO BRASIL E EUA?

 


O mercado de câmbio brasileiro permaneceu praticamente inalterado nesta quarta-feira (18), refletindo o clima de expectativa em torno das decisões de política monetária nos Estados Unidos e, sobretudo, no Brasil. Com os investidores adotando uma postura conservadora, o dólar à vista encerrou o dia com leve alta de 0,07%, cotado a R$ 5,5012.

A sessão foi marcada por baixa volatilidade, com a moeda norte-americana oscilando dentro de uma faixa estreita. Durante o dia, o dólar chegou à máxima de R$ 5,5123 por volta das 9h50, e à mínima de R$ 5,4756 às 11h09, o que representa uma variação de apenas 0,67% entre os extremos da jornada. O comportamento morno evidencia a cautela dos agentes diante de um cenário macroeconômico em transformação.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros no intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano, em linha com o que o mercado antecipava. A decisão teve impacto limitado sobre os ativos, uma vez que já estava amplamente precificada. Ainda assim, o posicionamento do Fed, que sinalizou a possibilidade de dois cortes na taxa ao longo de 2025, chamou atenção. Mesmo assim, a reação no câmbio foi contida.

O foco dos investidores, no entanto, esteve principalmente voltado para o Brasil. A chamada "superquarta" contou com a aguardada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), programada para depois do encerramento dos mercados. Com as apostas divididas — cerca de 60% esperando uma elevação da Selic para 15% ao ano e 40% prevendo a manutenção em 14,75% — os investidores preferiram adotar uma postura de espera.

As tensões geopolíticas no Oriente Médio, especialmente envolvendo Israel e Irã, chegaram a provocar alguma instabilidade nas primeiras horas da sessão, impulsionando o dólar momentaneamente. O lançamento de um míssil hipersônico por parte do Irã, somado ao discurso de intensificação do conflito, gerou receios sobre o impacto nos preços de energia e no equilíbrio global. Ainda assim, o efeito sobre o mercado cambial brasileiro foi moderado.

No exterior, o dólar apresentou desempenho misto frente a outras moedas fortes. O índice DXY, que mede o valor do dólar frente a uma cesta de seis moedas, subia 0,07% no fim da tarde, refletindo leve fortalecimento da moeda norte-americana no cenário internacional. Isso ocorreu apesar da manutenção dos juros pelo Fed, diante das incertezas econômicas globais.

No Brasil, o Banco Central seguiu com sua rotina de intervenções diárias no mercado de derivativos e vendeu todos os 35 mil contratos de swap cambial ofertados em sua operação matinal, ajudando a conter eventuais movimentos de maior pressão sobre a taxa de câmbio.

Com a decisão do Copom ocorrendo após o fechamento dos negócios, os mercados devem reagir de forma mais clara na sexta-feira, uma vez que o feriado de "Juneteenth" suspende as negociações em Nova York nesta quinta. A atenção agora se volta para os desdobramentos da política monetária e seus impactos sobre o real, o mercado de juros e a inflação nos próximos meses.

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