O dólar à vista encerrou a sexta-feira (28) com leve baixa de 0,28%, cotado a R$ 5,4831, após chegar a operar em queda de 0,70% no início da sessão. A valorização do real foi estimulada por dados benignos de inflação nos Estados Unidos, mas o movimento foi parcialmente compensado por forte fluxo de saída de dólares do Brasil, impulsionado pela derrubada de aumentos de IOF pelo Congresso.
Dados do PCE aliviam temores inflacionários
O núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA, métrica preferida do Federal Reserve (Fed) para medir a inflação, subiu 0,2% em maio na comparação mensal e 2,7% em 12 meses. O dado veio ligeiramente acima das expectativas (0,1% e 2,6%, respectivamente), mas ainda dentro do intervalo considerado confortável pelo mercado.
A leitura reforçou a visão de que o Fed pode manter sua política de juros inalterada por mais tempo, favorecendo ativos de países emergentes. Isso estimulou uma busca por risco e valorizou moedas como o real, em meio à percepção de diferencial de juros atrativo em relação aos EUA.
Real se fortalece, mas fluxo pressiona
Apesar do otimismo inicial, o dólar se recuperou parcialmente ao longo da tarde. Às 9h52, a moeda americana atingiu a mínima do dia, a R$ 5,4597. Mais tarde, às 11h26, marcou a máxima de R$ 5,5051, refletindo um movimento de saída de recursos do país.
Segundo operadores, investidores aproveitaram a queda da alíquota do IOF para realizar remessas ao exterior. O Congresso havia derrubado, na noite de quarta-feira, o decreto presidencial que aumentava as alíquotas em operações de câmbio, o que acelerou transações antes que o governo possa revertê-las.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o Executivo avalia acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão do Legislativo, aumentando a incerteza sobre a política fiscal e cambial no curto prazo.
Liquidez forte às vésperas da Ptax
A sexta-feira foi marcada por liquidez elevada. Até as 17h20, mais de 350 mil contratos futuros de dólar haviam sido negociados na B3, bem acima da média de 200 mil em dias normais. A aproximação do fim de mês e trimestre impulsionou esse movimento, com investidores tentando influenciar a formação da Ptax, usada como referência para liquidação de contratos futuros.
A expectativa é de mais uma sessão volátil na segunda-feira, quando será definida a Ptax de fim de mês e de trimestre, com o mercado dividido entre posições compradas e vendidas na moeda americana.
No exterior, dólar opera misto
Lá fora, o dólar apresentava desempenho misto: caía frente ao euro, mas subia em relação à libra. O índice DXY, que mede o valor do dólar ante uma cesta de seis divisas, recuava 0,06%, a 97,311 pontos.
No acumulado da semana, o dólar caiu 0,79% frente ao real. No ano, a moeda americana já cede 11,26%, refletindo um ambiente mais favorável para emergentes.
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