Moeda norte-americana acumula queda de 12% no ano e fecha no menor valor desde setembro
O dólar encerrou a sessão desta segunda-feira, 30 de junho, com queda de 0,88%, cotado a R$ 5,4350 no mercado à vista, atingindo o menor valor de fechamento desde 19 de setembro de 2024, quando valia R$ 5,4213. A moeda emplacou sua terceira sessão consecutiva de baixa, acumulando perdas de 4,99% no mês, 4,76% no trimestre e impressionantes 12% no acumulado de 2025 — o pior desempenho para um primeiro semestre em mais de cinco décadas.
Disputa pela Ptax e fluxo externo impulsionam o real
Grande parte da pressão baixista sobre o dólar foi atribuída à disputa pela formação da Ptax de fim de mês e trimestre, segundo analistas. A Ptax, calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, serve de referência para liquidação de contratos futuros de câmbio e também para conversão contábil de valores em moeda estrangeira nos balanços corporativos.
Nos finais de trimestre, como agora, essa disputa se intensifica, já que empresas e instituições financeiras ajustam suas posições cambiais. “Esse mês, em particular, a Ptax é ainda mais relevante por ser o encerramento do semestre”, explica Leonel Mattos, da StoneX.
Otimismo global com comércio pressiona o dólar
Além do fator técnico doméstico, o mercado foi influenciado pela melhora do apetite por risco no exterior. O índice do dólar (DXY), que mede a força da divisa norte-americana frente a uma cesta de moedas, caiu 0,21%, refletindo a busca de investidores por ativos de maior risco, como moedas emergentes.
O real se beneficiou especialmente das expectativas de avanços nas negociações comerciais dos EUA. O Canadá suspendeu um imposto digital sobre empresas americanas para evitar atritos com Washington, o que foi visto como sinal de distensão. Além disso, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que uma série de acordos comerciais será assinada antes do prazo de 9 de julho, quando termina uma trégua tarifária.
Mercado antecipa cortes de juros pelo Fed e fortalece moedas emergentes
Outro fator que fortaleceu o real e outras moedas emergentes foi a expectativa de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve ainda este ano. Esse cenário reduz a atratividade dos ativos denominados em dólar e favorece o ingresso de capital em países como o Brasil, que oferecem rendimentos mais altos, como no caso da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano.
Dólar turismo também recua
No segmento de dólar turismo, a moeda era negociada a R$ 5,517 para compra e R$ 5,697 para venda, refletindo a tendência de queda observada no mercado comercial.
Apesar da queda recente, analistas recomendam cautela, pois fatores como volatilidade política, mudanças no cenário internacional e fluxo cambial corporativo ainda podem provocar oscilações relevantes na cotação da moeda.
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