DÓLAR VOLTA A SUBIR NA VÉSPERA DE DECISÃO CRUCIAL DO BANCO CENTRAL

 


O dólar comercial encerrou a sessão desta terça-feira com leve valorização frente ao real, impulsionado pela tensão geopolítica no Oriente Médio e pela expectativa em torno das decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. A moeda norte-americana avançou 0,18%, fechando cotada a R$ 5,4972, ainda abaixo do patamar simbólico de R$ 5,50.

O movimento foi reflexo direto do aumento da aversão ao risco no mercado internacional. Os investidores estão atentos ao conflito entre Israel e Irã, que escalou com uma ofensiva militar israelense na última sexta-feira. O ataque resultou na morte de membros importantes do alto comando iraniano, incluindo cientistas ligados ao programa nuclear. Desde então, a possibilidade de novos confrontos tem pressionado o humor dos mercados globais.

Em resposta ao agravamento do conflito, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, antecipou sua saída da cúpula do G7, no Canadá, para lidar com a situação. Trump reforçou que o Irã deve atender às exigências americanas em relação ao seu programa nuclear, indicando que os desdobramentos da crise podem influenciar diretamente a estabilidade do comércio global, especialmente na área energética.

A tensão geopolítica aumentou os temores de interrupções no fornecimento de petróleo, o que pode elevar os preços da commodity e, consequentemente, pressionar a inflação mundial. Analistas alertam que uma alta sustentada nos preços do petróleo poderia afetar o crescimento econômico global, forçando os bancos centrais a reverem suas estratégias monetárias.

Enquanto isso, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis outras divisas fortes, registrou leve queda de 0,09%, sinalizando um cenário de equilíbrio momentâneo em meio à incerteza. No entanto, no Brasil, a cotação futura do dólar com vencimento em julho subiu 0,22%, alcançando R$ 5,5115 na B3, refletindo uma postura mais defensiva por parte dos investidores.

Além das tensões externas, os agentes do mercado aguardam com cautela as decisões de política monetária na “superquarta”. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve deve anunciar sua nova diretriz para os juros, com a maioria das expectativas apontando para a manutenção das taxas nos níveis atuais. O mesmo ocorre no Brasil, onde o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir sobre a taxa Selic. O mercado está dividido entre a possibilidade de manutenção nos 14,75% e um ajuste de 0,25 ponto percentual.

Outro fator que influencia o cenário doméstico é o impasse em torno do decreto que altera as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A Câmara dos Deputados aprovou um pedido de urgência para a análise de uma proposta que pode derrubar o decreto, adicionando mais uma camada de incerteza ao ambiente fiscal do país.

O dólar turismo, por sua vez, encerrou o dia cotado entre R$ 5,518 na compra e R$ 5,698 na venda, refletindo o comportamento oscilante dos mercados e a postura cautelosa de consumidores e empresas diante do cenário internacional e interno.

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