“Ele fez um péssimo trabalho”: Trump ataca presidente do Fed e pressiona por corte de juros para 1%


 

Em mais um episódio de sua conturbada relação com o Federal Reserve, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a disparar críticas pesadas contra o chair da instituição, Jerome Powell. Durante uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (27), Trump afirmou que “adoraria” que Powell renunciasse e classificou sua gestão como “péssima”, chegando a chamá-lo de “estúpido” diante dos jornalistas.

A declaração reacende tensões entre o governo americano e o banco central do país, que tem resistido a reduzir as taxas de juros conforme o desejo de Trump. O presidente quer ver a taxa básica cortada para 1%, alegando que tal medida daria impulso à economia, ao consumo e ao mercado de trabalho — especialmente em um momento de incertezas internacionais e políticas tarifárias em transição.

Trump volta a pressionar por juros mais baixos

A política monetária dos Estados Unidos é conduzida de forma independente pelo Federal Reserve. Contudo, Trump tem repetidamente tentado influenciar as decisões da autoridade monetária, argumentando que a economia americana “poderia estar crescendo muito mais” se não fosse pela postura conservadora de Powell.

Ao afirmar que “adoraria que ele renunciasse se quisesse”, Trump indica que pode não demitir Powell — o que seria juridicamente controverso —, mas deixa clara sua insatisfação. Desde 2018, quando Powell foi nomeado por Trump para o comando do Fed, a relação entre os dois passou por altos e baixos, com críticas públicas se intensificando sempre que a autoridade monetária hesita em seguir os pedidos da Casa Branca.

Juros em foco: o que Trump quer?

Atualmente, a taxa básica de juros nos Estados Unidos gira em torno de 5,25% a 5,50% ao ano, após uma série de aumentos destinados a conter a inflação. Trump, no entanto, defende que os juros sejam drasticamente reduzidos, idealmente para 1%, para aliviar pressões sobre o crédito, estimular o consumo e manter a economia aquecida.

Para o mercado, esse tipo de intervenção política causa apreensão. A independência do Federal Reserve é um dos pilares da estabilidade financeira americana, e tentativas de influenciar suas decisões podem aumentar a volatilidade e a percepção de risco entre investidores.

Powell se mantém discreto, mas resiliente

Enquanto Trump eleva o tom, Jerome Powell tem evitado confrontos públicos. Em pronunciamentos recentes ao Congresso, o chair do Fed tem afirmado que a inflação ainda exige cautela e que decisões sobre juros continuarão sendo guiadas por dados. Apesar disso, reconheceu que as tarifas e as incertezas geopolíticas complicam o cenário, e que o Fed está em “modo de espera” para entender melhor os impactos.

Impactos políticos e econômicos

As declarações de Trump vêm em um momento sensível. Com eleições presidenciais se aproximando, qualquer sinal de desaceleração econômica pode prejudicar suas chances de reeleição. Ao pressionar por cortes de juros, o presidente também tenta antecipar críticas da oposição quanto ao desempenho da economia e do custo de vida.

O embate com Powell, portanto, pode se tornar uma peça estratégica de narrativa: se a economia desacelerar, Trump já tem seu “culpado” definido.

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