EVENTO INTERNACIONAL EM PARIS PODE IMPACTAR DRASTICAMENTE SETOR AÉREO DO BRASIL

A expectativa para o Paris Air Show, que começa no próximo dia 16, movimentou o mercado financeiro e colocou os holofotes sobre a Embraer. As ações da fabricante brasileira de aeronaves subiram mais de 4% na segunda-feira, embaladas por projeções otimistas de analistas e pela possibilidade de novos pedidos tanto na aviação comercial quanto no setor de defesa. O evento é considerado um dos mais relevantes da indústria aeronáutica e pode se tornar um marco importante para a empresa neste ano.

Apesar de um início de junho discreto — com os recibos de ações da Embraer (ADR) na Bolsa de Nova York registrando alta modesta — a aproximação do Paris Air Show reacendeu o interesse dos investidores. A comparação com o desempenho da empresa em anos anteriores revela o potencial represado. Em 2022, na semana que antecedeu o Farnborough Air Show, o ADR da empresa valorizou 14%. Desta vez, o avanço inicial de apenas 1% pode ter sido influenciado por fatores externos, como a recuperação judicial da Azul e a incerteza sobre entregas futuras da Alaska Airlines.

Com os olhos voltados para Paris, analistas projetam um cenário otimista em que a Embraer poderia anunciar até US$ 5,9 bilhões em novos pedidos na aviação comercial e mais US$ 720 milhões em contratos ligados à área de defesa. Esses valores, ainda que não necessariamente correspondam a pedidos assinados durante o evento, têm potencial de impactar diretamente o valor de mercado da empresa. A cada US$ 500 milhões em novos contratos, estima-se um acréscimo de 2% no preço das ações, com base na atual relação entre o valor da firma e sua carteira de pedidos.

Entre os possíveis destaques do evento está a disputa entre a Embraer e a Airbus por um pedido de aproximadamente 100 jatos regionais da companhia malaia AirAsia. A encomenda, que pode alcançar os US$ 8 bilhões, é considerada estratégica para ambas as fabricantes. A Airbus, atual fornecedora da AirAsia, possui vantagem competitiva por já integrar a frota da empresa, composta majoritariamente por modelos de corredor único da família A320. No entanto, a Embraer entra na disputa oferecendo o modelo E2, uma aeronave moderna com boas credenciais no mercado regional.

Caso a Embraer consiga conquistar esse contrato, o impacto sobre seu backlog seria expressivo, representando um crescimento de até 32% na sua carteira de pedidos atual, que gira em torno de US$ 26,4 bilhões. Mesmo diante da concorrência com um fornecedor consolidado como a Airbus, a possível vitória nesse negócio marcaria uma virada importante para a Embraer e reforçaria sua presença no mercado asiático.

O evento em Paris também será acompanhado de perto pelo setor financeiro, uma vez que a definição do financiamento para as aeronaves deve ser determinante na decisão final da AirAsia. Com expectativas elevadas e sinais positivos já surgindo, a Embraer chega ao Paris Air Show como uma das protagonistas da feira, com potencial de surpreender o mercado e fortalecer sua posição no cenário global da aviação.

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