FAMOSA COMPANHIA AÉREA BRASILEIRA TEM REVIRAVOLTA EM PROCESSO NOS EUA

A companhia aérea brasileira Gol deu um importante passo para sua recuperação financeira ao encerrar, nesta sexta-feira, o processo de reestruturação judicial nos Estados Unidos, conhecido como Chapter 11. A medida marca o início de uma nova fase para a empresa, que agora mira na expansão de sua frota e na ampliação de rotas tanto no Brasil quanto em destinos internacionais, especialmente nas Américas.

Com o fim do processo, a Gol passa a operar com maior fôlego financeiro. A empresa foi a segunda aérea brasileira a buscar proteção judicial nos EUA, após a Latam em 2020. A decisão foi motivada por uma combinação de fatores adversos: a crise do setor aéreo desencadeada pela pandemia, atrasos na entrega de aeronaves e o impacto cambial sobre os custos operacionais. Recentemente, a Azul também ingressou com pedido semelhante, evidenciando as dificuldades enfrentadas por todo o setor.

Apesar do cenário desafiador, a Gol conseguiu atravessar o processo sem depender de apoio governamental e agora detém aproximadamente US$900 milhões em reservas de caixa. A expectativa da empresa é retomar, até 2026, a capacidade de operação equivalente à registrada em 2019, antes da pandemia. Segundo o plano estratégico, o foco estará em ampliar voos domésticos e fortalecer conexões internacionais na faixa que se estende do sul da Flórida até o sul da Argentina.

Durante o auge da crise, a Gol chegou a manter cerca de 30 aeronaves fora de operação. A meta, agora, é eliminar totalmente essa ociosidade até o primeiro trimestre de 2026. Parte da estratégia envolve a modernização da frota, com a entrega prevista de cinco novas aeronaves Boeing 737 MAX ao longo deste ano. A companhia também finalizou a revisão de mais de 50 motores em 2024, um marco importante para garantir a eficiência operacional e a segurança dos voos.

Embora mantenha atualmente uma frota composta exclusivamente por modelos da Boeing, a Gol demonstra interesse em diversificar e considera oportunidades para incorporar aviões da fabricante brasileira Embraer. Essa possibilidade pode representar um ganho em flexibilidade e adaptação para diferentes tipos de rotas e demandas de passageiros.

Paralelamente ao seu plano de expansão, a Gol segue envolvida em negociações com a Azul para uma possível parceria. As tratativas, iniciadas formalmente com a assinatura de um memorando de entendimento em janeiro, são conduzidas pelo Abra Group, holding que controla a Gol e também a colombiana Avianca. Embora ainda não haja um acordo definitivo, a Gol afirma que qualquer decisão será tomada com base em ganhos operacionais concretos, como incremento de rotas, aumento de eficiência e crescimento sustentável.

O setor aéreo no Brasil continua enfrentando desafios significativos, incluindo o elevado custo do combustível de aviação e a volatilidade do câmbio. Além disso, há um número elevado de litígios e um ambiente regulatório que, segundo executivos do setor, carece de uma agenda de longo prazo para impulsionar o crescimento.

Mesmo nesse ambiente adverso, a Gol acredita que tem condições de crescer de forma sustentável. A empresa vê grande potencial no mercado brasileiro e projeta um plano de cinco anos que visa consolidar sua posição no setor aéreo da América Latina.

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