Em um pregão marcado pela cautela e pela espera de definições de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, o Ibovespa encerrou esta quarta-feira (18) com leve queda de 0,09%, aos 138.716,64 pontos. A retração de 123,38 pontos refletiu o compasso de espera do mercado antes da divulgação da nova taxa básica de juros pelo Banco Central do Brasil, prevista para depois do fechamento.
Apesar do cenário externo desafiador e das incertezas fiscais domésticas, a queda foi limitada por um desempenho positivo de algumas ações do varejo e do setor industrial, especialmente da Embraer. No câmbio, o dólar comercial fechou com leve alta de 0,04%, cotado a R$ 5,500, enquanto os juros futuros operaram de forma mista ao longo da curva, refletindo a divisão de expectativas quanto aos próximos passos do Copom.
No radar global, o foco esteve sobre o Federal Reserve, que manteve as taxas de juros nos Estados Unidos entre 4,25% e 4,50% ao ano, conforme esperado. No entanto, o comunicado que acompanhou a decisão trouxe um tom mais cauteloso, com projeções de apenas dois cortes ainda este ano e uma postura de observação diante dos efeitos ainda incertos das novas tarifas comerciais.
Jerome Powell, presidente do Fed, destacou que os custos das tarifas impostas pelo governo devem recair sobre os consumidores, mas ponderou que os impactos ainda são difíceis de mensurar. Com isso, a autoridade monetária norte-americana decidiu aguardar mais alguns meses para avaliar melhor a situação, mantendo uma postura prudente diante da inflação ainda resistente.
O clima de tensão geopolítica, alimentado pelo conflito entre Irã e Israel, também continuou influenciando o humor dos mercados. Powell reconheceu a preocupação com o possível impacto dos eventos sobre os preços da energia, mas reforçou que esse tipo de instabilidade não altera, por si só, a condução da política monetária. Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou ao centro do noticiário com declarações provocativas sobre o conflito e uma possível autocondução do Fed, o que gerou reações irônicas e reforçou o foco do mercado nas decisões técnicas.
No Brasil, além da ansiedade pela decisão da Selic, o ambiente fiscal voltou a ser um ponto de atenção. O Ministério da Fazenda sinalizou que apresentará em breve uma proposta de revisão dos benefícios fiscais, com expectativa de corte de R$ 10 bilhões em gastos a partir de 2026. A medida busca aliviar as pressões sobre o orçamento e criar espaço para políticas mais equilibradas.
Entre os destaques da bolsa, as ações da Vale e da Petrobras fecharam em baixa, assim como os grandes bancos, pressionando o índice. No lado positivo, Embraer se destacou com forte alta de 3,99%, impulsionada por novo acordo fechado no Salão Aeronáutico de Paris. Também avançaram papéis de frigoríficos, com a BRF subindo 2,10% após o Brasil declarar-se livre da gripe aviária, além de varejistas como Lojas Renner e RD, que se beneficiaram de análises favoráveis.
Com o feriado de “Juneteenth” nos EUA nesta quinta-feira e a Bolsa de São Paulo também fechada, os mercados retomam as atividades apenas na sexta-feira, com atenções voltadas aos desdobramentos da política monetária local e internacional.
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