O que a Bolsa já estaria antecipando sobre as eleições presidenciais de 2026?

 


Mesmo faltando mais de um ano para a eleição presidencial de 2026, o mercado financeiro já começou a precificar possíveis cenários políticos – e isso pode ter impacto direto na Bolsa de Valores brasileira. De acordo com Fábio Fonseca, co-gestor dos fundos de ações da JGP Asset Management, uma parte relevante do desempenho das ações hoje já embute expectativas relacionadas ao futuro político do país, com destaque para uma possível candidatura de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo.

Fonseca afirma que a assimetria de risco está favorável para o investidor de Bolsa, considerando o alinhamento entre fundamentos corporativos, patamares de preço dos ativos e o cenário eleitoral. Para ele, o mercado já está atribuindo uma probabilidade significativa de vitória de Tarcísio em 2026, mesmo sem que o governador tenha oficialmente se colocado como pré-candidato.

Por que o nome de Tarcísio já mexe com a Bolsa?

A equipe da JGP fez uma análise estatística considerando as probabilidades associadas aos principais nomes cotados para a eleição. Segundo Fonseca, aproximadamente um terço dessa probabilidade já estaria sendo “precificada” nas ações brasileiras, ou seja, parte do otimismo ou da valorização de alguns papéis poderia estar relacionada a uma aposta no avanço de Tarcísio nas intenções de voto.

Embora o governador paulista ainda não tenha declarado interesse oficial em disputar a presidência, ele vem aparecendo de forma consistente nas pesquisas eleitorais. Essa presença, somada ao perfil considerado mais alinhado ao mercado, faz com que os investidores comecem a reavaliar os riscos e oportunidades com base nesse cenário.

E como fica o atual presidente?

Fonseca destaca que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem níveis de aprovação considerados baixos para um chefe do Executivo que pretende buscar a reeleição. Um compilado de pesquisas feito pela JGP aponta que Lula teria atualmente cerca de 26,5% de aprovação – percentual distante da marca de 40%, considerada historicamente como linha de corte para viabilizar reeleições presidenciais no Brasil.

Essa avaliação reforça, segundo o gestor, a percepção de que o cenário eleitoral para 2026 é binário, com maior probabilidade de um resultado que agrade ao mercado.

Assimetria favorável para as ações

A análise não se limita à política. Fábio Fonseca também considera outros elementos fundamentais para o mercado de ações, como os resultados corporativos sólidos de diversas empresas listadas e os níveis atrativos das taxas de juros reais, representadas pelos títulos públicos indexados à inflação, as NTN-Bs.

Ele acredita que o conjunto formado por um possível desfecho eleitoral favorável ao mercado, somado ao bom momento operacional de empresas e valuations ainda descontados, cria uma janela de oportunidade rara para o investidor em renda variável.

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