O Banco Central prepara mudanças significativas no sistema de pagamentos instantâneos do país, com a chegada do Pix Automático e a futura implementação do Pix Parcelado. As duas novas modalidades, apesar de utilizarem a estrutura do Pix, têm finalidades distintas e não devem se sobrepor no uso prático pelos consumidores e empresas.
O Pix Automático é o mais recente a ser lançado e foca em pagamentos recorrentes, como mensalidades de academias, planos de assinatura ou serviços regulares. Trata-se de uma funcionalidade que permite ao usuário autorizar transferências periódicas de forma automática, sem a necessidade de repetir o processo a cada vencimento. A adesão será voluntária e gratuita para o cliente, enquanto as empresas devem se beneficiar com menores custos operacionais e maior previsibilidade no fluxo de caixa.
Apesar de algumas comparações com o parcelamento de compras no cartão de crédito, o Banco Central esclarece que o Pix Automático não é adequado para essa função. Ele não oferece um mecanismo de concessão de crédito, tampouco uma forma de garantir o pagamento das parcelas ao lojista. Como o consumidor poderá cancelar o pagamento até a véspera da cobrança, o risco de inadimplência torna-se elevado, especialmente em transações com compradores desconhecidos, como ocorre em grande parte do varejo.
Outro ponto importante é que o Pix Automático não possui, por enquanto, um mercado estruturado de antecipação de recebíveis. No modelo atual de parcelamento com cartão, os lojistas conseguem antecipar o valor total das parcelas com certa facilidade, um recurso amplamente utilizado para manter a liquidez do negócio. No Pix Automático, essa funcionalidade não está disponível, o que limita sua utilidade em vendas parceladas típicas do varejo.
Para preencher essa lacuna, o Banco Central planeja lançar o Pix Parcelado, previsto para novembro de 2025. Essa modalidade promete ser uma alternativa direta ao crédito do cartão, permitindo ao consumidor parcelar uma compra feita via Pix no momento da transação. A decisão sobre o parcelamento será tomada antes da confirmação do pagamento, com o cliente podendo escolher entre pagar à vista com o saldo em conta ou dividir o valor em parcelas com juros.
Nesse modelo, o lojista recebe o valor integral da compra de forma instantânea, como ocorre no Pix tradicional. A diferença é que a instituição financeira que opera a conta do consumidor assume o crédito, recebendo dele o pagamento parcelado conforme as condições acordadas. O sistema também será padronizado entre os diferentes bancos, garantindo uniformidade na experiência do usuário e maior clareza sobre taxas e condições.
A expectativa é que o Pix Parcelado represente uma mudança relevante no mercado de meios de pagamento, ao oferecer uma alternativa com menor custo para os lojistas e mais transparência para os consumidores. Com essas inovações, o Banco Central busca ampliar a inclusão financeira, reduzir o custo do crédito e aumentar a competitividade no setor.
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