A meta de erradicar a pobreza extrema no mundo até 2030 segue distante, principalmente devido ao agravamento da situação econômica em países fragilizados por conflitos e crises, conhecidos como economias em situações frágeis e afetadas por conflitos (FCS, na sigla em inglês). Um recente relatório do Banco Mundial revelou que esses países se tornaram o epicentro da pobreza global, com mais de 420 milhões de pessoas vivendo com menos de US$ 3 por dia — número que deve subir para 435 milhões nos próximos cinco anos.
O documento, divulgado nesta sexta-feira (27), destaca que a pobreza extrema cresce rapidamente justamente nessas regiões marcadas pela insegurança alimentar, baixos níveis educacionais e sistemas governamentais debilitados. Essas economias abrigam cerca de 1 bilhão de pessoas, que têm em média apenas seis anos de escolaridade e expectativa de vida sete anos menor do que a média de outros países em desenvolvimento.
Desde 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita desses países caiu em média 1,8% ao ano, enquanto em outras economias em desenvolvimento houve crescimento anual médio de 2,9%. “O progresso na redução da pobreza estagnou desde meados da década de 2010, refletindo a intensificação dos conflitos, fragilidade econômica e crescimento moderado”, apontou o Banco Mundial.
Além do impacto humano, os conflitos armados também causam fortes danos econômicos: regiões em guerra podem ter uma redução de até 20% no PIB per capita após cinco anos de confronto. O relatório enfatiza que as causas estruturais desses conflitos — injustiça, exclusão social e fragilidade institucional — precisam ser combatidas para reverter o quadro.
O Banco Mundial alerta ainda para a necessidade de um esforço coordenado e sustentado da comunidade internacional, em especial com aumento de ajuda externa, alívio da dívida e assistência técnica. Isso é especialmente importante num momento em que países como os Estados Unidos, tradicionalmente o maior doador mundial, têm reduzido seu volume de ajuda.
O documento sugere que o combate à pobreza nessas regiões exige políticas focadas na promoção da educação e saúde, melhoria da infraestrutura e geração de empregos, por meio de setores como turismo e agricultura. A adoção dessas medidas pode criar oportunidades para a crescente população economicamente ativa e ajudar a estabilizar essas sociedades frágeis.
“Com políticas sólidas e engajamento global sustentado, as economias afetadas por conflitos podem traçar um caminho melhor para o desenvolvimento”, conclui o Banco Mundial, deixando um alerta sobre os riscos de o crescimento da pobreza extrema comprometer metas globais de desenvolvimento sustentável.
Enquanto isso, a perspectiva de aumento da pobreza em países em conflito acende um sinal de alerta para governos e organizações internacionais que lutam para garantir um futuro mais justo e estável. O desafio é grande e complexo, e exige ações rápidas e coordenadas para evitar um retrocesso nas conquistas dos últimos anos.
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