A semana terminou sem muito entusiasmo no mercado financeiro brasileiro. Nesta sexta-feira, o Ibovespa encerrou o pregão em queda de 0,10%, aos 136.102,10 pontos, acumulando a terceira semana consecutiva de perdas, desta vez com um recuo semanal de 0,65%. O desempenho negativo do principal índice da Bolsa reflete o humor oscilante dos investidores, em meio a incertezas sobre os rumos da política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
O dólar comercial também apresentou desvalorização frente ao real, com queda de 0,28%, cotado a R$ 5,570. Já os contratos de juros futuros seguiram a mesma tendência e fecharam em baixa ao longo de toda a curva, em um movimento de alívio moderado diante de dados econômicos domésticos.
O cenário internacional, por sua vez, teve um impacto dividido sobre os ativos brasileiros. O destaque foi a divulgação do payroll nos Estados Unidos — o principal relatório sobre o mercado de trabalho americano — que trouxe números fortes de criação de empregos. Os dados reforçaram a resiliência da economia norte-americana e afastaram, ao menos temporariamente, os temores de uma recessão. Com isso, os principais índices de Nova York encerraram o dia com altas superiores a 1%, contrastando com o desempenho morno do mercado local.
O relatório americano também influenciou as expectativas sobre a política monetária do Federal Reserve. Com o mercado de trabalho ainda aquecido, as apostas em cortes de juros pelo Fed foram revistas, com projeções indicando um possível adiamento para 2026. No entanto, o cenário ainda está em aberto, especialmente diante das pressões políticas vindas de Washington.
No Brasil, a perspectiva de juros mais altos ganhou força. O mercado já começa a precificar a possibilidade de uma elevação de 0,25 ponto percentual da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 18 de junho. Atualmente em 14,75% ao ano, a taxa pode subir em resposta a pressões inflacionárias persistentes, ainda que indicadores recentes mostrem sinais de alívio.
Entre os dados positivos, o IGP-DI de maio veio abaixo do esperado, com deflação de 0,85%, enquanto os preços ao produtor também apresentaram queda em abril. Além disso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que o emprego industrial recuou pela primeira vez em 18 meses — um possível sinal de que a política de juros altos começa a surtir efeito.
Apesar disso, os investidores permaneceram cautelosos. O desempenho negativo de grandes bancos puxou o Ibovespa para baixo, com destaque para as ações do Banco do Brasil, que caíram 2,38%, em meio a preocupações com a inadimplência no agronegócio. Bradesco e Santander também fecharam no vermelho, enquanto o Itaú encerrou com leve alta.
Entre os destaques positivos, Petrobras avançou 0,92%, seguindo a valorização do petróleo, e a JBS subiu 1,93% em sua última sessão na B3, antes de migrar para negociação via BDRs. Vale também contribuiu, ainda que com ganho discreto de 0,13%.
Na próxima semana, o mercado terá uma agenda intensa de indicadores econômicos, incluindo o IPCA de maio, dados do varejo e do setor de serviços, além da inflação ao consumidor e ao produtor nos EUA. A expectativa é de mais volatilidade e decisões que podem redesenhar o cenário macroeconômico para o segundo semestre.
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