Por que estrangeiros estão investindo bilhões na Bolsa brasileira enquanto investidores locais saem?

 


Junho de 2025 pode ser marcado como o segundo mês consecutivo de forte fluxo líquido positivo de capital estrangeiro na Bolsa de Valores brasileira (B3). Dados divulgados na sexta-feira (27), penúltimo dia útil do mês, indicam que o saldo líquido de investimentos estrangeiros em ações brasileiras já atingia R$ 4,1 bilhões, mostrando a continuidade do interesse externo no mercado nacional.


Rotação global de capital beneficia Bolsa brasileira

Segundo Raphael Figueredo, conhecido como Rafi e estrategista da XP, o movimento reflete uma tendência global de “rotation” — ou rotação de capital — iniciada a partir do chamado “Liberation Day”, em 2 de abril. Nesta data, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de importação para alguns países com os quais os EUA mantêm relações comerciais, gerando impactos nas decisões de investidores globais.

“O mundo está reduzindo a superexposição ao mercado americano e direcionando recursos para outras regiões, como a Bolsa brasileira”, explica Rafi durante o programa Morning Call da XP, exibido nesta segunda-feira (30).


Valuations atrativos e oportunidades táticas impulsionam investimentos

O estrategista destaca que os investidores estrangeiros têm aproveitado os valuations atrativos da Bolsa brasileira para entrar no mercado. Além disso, oportunidades táticas, que surgem em função de momentos específicos, também têm impulsionado o movimento.

No mês anterior, maio de 2025, o fluxo estrangeiro líquido positivo foi ainda mais expressivo, alcançando a marca de R$ 10,6 bilhões. Já em abril, mês marcado pelo “Liberation Day”, o saldo ficou levemente negativo, em torno de R$ 1 bilhão negativo.


Investidores locais saem da Bolsa enquanto estrangeiros entram

Um dado relevante que acompanha o cenário é o movimento contrário do investidor institucional local. Enquanto o capital estrangeiro entra, os investidores institucionais brasileiros têm retirado recursos da Bolsa. Em maio, a saída líquida desses investidores locais foi de R$ 8,3 bilhões, e em junho, faltando apenas um dia útil para o fechamento, o saldo negativo já atingia R$ 7,7 bilhões.

Esse comportamento tem sido constante: desde julho de 2024, há quase um ano, o saldo líquido dos investidores institucionais locais na Bolsa permanece negativo todos os meses.


Perspectivas para a Bolsa brasileira em 2025

Com a combinação de entrada constante de capital estrangeiro e a saída dos investidores institucionais locais, a Bolsa brasileira enfrenta um momento de transição e oportunidades. Os valuations mais acessíveis e a expectativa de melhora no cenário econômico e político, inclusive com as eleições de 2026 no horizonte, criam um ambiente favorável para os investidores estrangeiros.

Rafi ressalta que essas entradas de capital estrangeiro têm sido massivas e consecutivas, o que ajuda a equilibrar o mercado mesmo com o recuo dos investidores locais.


Considerações finais

Para investidores que desejam aproveitar o atual momento do mercado brasileiro, entender o fluxo de capital é essencial. O interesse crescente dos estrangeiros, motivado pela busca de diversificação e melhores retornos, pode impactar positivamente os preços das ações brasileiras.

Fique atento às movimentações dos diferentes perfis de investidores e às condições macroeconômicas para tomar decisões mais informadas no mercado de ações.

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