O governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, apresentou uma proposta de orçamento que pode reduzir em 50% os recursos destinados à NASA. A medida representa uma reorientação drástica das prioridades da agência espacial, afetando especialmente programas de monitoramento climático e de observação da Terra. Caso o Congresso aprove o plano, dezenas de missões científicas poderão ser encerradas antes do previsto ou canceladas antes mesmo de saírem do papel.
Entre os cortes mais significativos estão aqueles relacionados a satélites responsáveis por monitorar o clima, o uso do solo e fenômenos atmosféricos. Missões consolidadas como os satélites Aqua, Terra e Aura, que há décadas fornecem dados valiosos sobre mudanças climáticas, deverão ser encerradas sem substituição. Instrumentos ativos na Estação Espacial Internacional, como os observatórios de carbono OCO-II e OCO-III, também estão na lista de descontinuidade. Esses dispositivos são fundamentais para o entendimento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
Outros equipamentos, como o Sage III, voltado para a medição de ozônio e vapor d’água, e os sensores do satélite Deep Space Climate Observatory, que observam o clima espacial, também podem ser desativados. Além disso, missões em andamento ou em desenvolvimento para estudar Vênus, Júpiter e Marte devem ser canceladas. A sonda Juno, que investiga Júpiter, e a missão New Horizons, nos limites do Sistema Solar, poderão ter suas operações encerradas. Até mesmo as naves robóticas Mars Odyssey e Maven, que ainda operam com sucesso no planeta vermelho, estão incluídas nos cortes propostos.
O impacto mais profundo recai sobre as pesquisas climáticas e ambientais. A frota de satélites Atmosphere Observing System (AOS), planejada para examinar os efeitos da poluição na formação de nuvens e tempestades, pode ser descartada antes mesmo de seu lançamento. O mesmo destino ameaça a missão Surface Biology and Geology (SBG), desenvolvida para mapear a composição da superfície terrestre com precisão inédita, medindo CO₂, metano, florestas, lavouras e minerais.
A justificativa oficial para o corte é tornar a NASA uma agência mais “enxuta”, com foco em objetivos ambiciosos como enviar um astronauta norte-americano a Marte. Para isso, 40 missões consideradas de “baixa prioridade” serão encerradas. No entanto, a comunidade científica alerta para as consequências do desmonte, que podem significar perdas irreparáveis em termos de dados, tecnologia e liderança global na ciência espacial.
A proposta ainda depende de aprovação no Congresso. Mesmo que o plano não seja aprovado na íntegra, ele já gera incertezas quanto ao futuro da pesquisa científica espacial nos EUA. Além disso, levanta preocupações sobre a capacidade de resposta global às mudanças climáticas, que dependem fortemente de dados produzidos por essas missões.
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