POR QUE O DÓLAR CAIU AO MENOR VALOR DESDE OUTUBRO DE 2024 HOJE?

 


Após atingir o patamar de R$ 5,60 nas primeiras horas de negociação, o dólar recuou e encerrou o dia desta segunda-feira (9) em leve baixa, cotado a R$ 5,5626. Esse resultado marca o menor fechamento da moeda norte-americana em 2025, renovando o nível mais baixo desde outubro do ano anterior. No acumulado do ano, o dólar já registra queda de quase 10% frente ao real.

O movimento foi influenciado principalmente pela desvalorização do dólar no exterior, em meio a negociações comerciais entre Estados Unidos e China. O recuo da moeda foi generalizado diante de outras divisas, o que ajudou a conter o avanço no Brasil, mesmo diante de um cenário interno de maior volatilidade.

No Brasil, os investidores acompanharam com atenção o desenrolar das novas propostas fiscais do governo federal. A equipe econômica, liderada pelo ministro Fernando Haddad, anunciou neste fim de semana que chegou a um acordo com líderes do Congresso Nacional para rever o aumento do IOF — Imposto sobre Operações Financeiras — anunciado anteriormente. Em substituição, o governo pretende apresentar uma série de medidas arrecadatórias, com foco em novos tributos sobre investimentos e setores específicos da economia.

Entre as iniciativas em discussão, está a criação de uma alíquota de 5% de Imposto de Renda sobre investimentos atualmente isentos, como LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas. Também está prevista a elevação da tributação sobre as empresas de apostas online, com aumento da alíquota de 12% para 18% sobre o faturamento, após deduções. Além disso, a equipe econômica pretende unificar a cobrança de IR sobre rendimentos financeiros em 17,5%, encerrando a atual diferenciação por prazo e tipo de ativo.

Outro ponto em destaque é a proposta de reduzir em pelo menos 10% os incentivos fiscais não previstos na Constituição. No entanto, a ausência de detalhes sobre como será essa redução e o impacto prático das medidas causou hesitação entre os agentes de mercado, que seguem cautelosos diante da incerteza sobre o real alcance das mudanças.

Durante o pregão, o dólar chegou a operar na mínima de R$ 5,5516 pouco após a abertura, refletindo o otimismo externo. Mas subiu até R$ 5,60 no final da manhã, com investidores reagindo à complexidade do pacote fiscal. Com o passar do dia, o viés externo negativo voltou a prevalecer, contribuindo para a baixa no fechamento.

O Banco Central, por sua vez, atuou no mercado com a venda integral de 35 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem de vencimentos previstos para 1º de julho. A operação ajudou a manter a liquidez do mercado e contribuiu para a relativa estabilidade da taxa de câmbio.

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