Preços do petróleo despencam enquanto investidores apostam em calma no conflito no Oriente Médio

 


Os preços do petróleo sofreram uma forte queda nesta segunda-feira (23), mesmo após o Irã lançar mísseis contra uma base aérea americana no Catar, em resposta aos ataques realizados pelos Estados Unidos no fim de semana contra instalações nucleares iranianas. O movimento surpreendeu o mercado, que reagiu de forma mais moderada do que o esperado diante das tensões na região.

Na bolsa de Nova York (Nymex), o contrato do petróleo WTI para agosto fechou com uma baixa expressiva de 7,22%, cotado a US$ 68,51 o barril. Já o petróleo Brent, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), para setembro, recuou 6,67%, terminando o dia a US$ 70,52 o barril. Esses números refletem a avaliação dos investidores de que os ataques do Irã, embora significativos, não devem evoluir para uma escalada mais ampla que comprometa o fornecimento global de petróleo.

Um dos principais fatores que mantém os preços sob controle é o fato de o Irã não ter tomado nenhuma ação para interromper o trânsito de navios-tanque pelo estratégico Estreito de Ormuz, uma passagem crucial por onde circula cerca de 20% do petróleo mundial. O fechamento desse ponto poderia elevar os preços da commodity a níveis muito mais altos, o que não ocorreu até o momento.

Os ataques iranianos foram vistos como uma retaliação esperada, focada em alvos militares americanos na região, sem vítimas reportadas, o que alimentou a esperança de que o conflito possa ser contido sem impactos mais severos no mercado de energia. Especialistas comentam que o foco do Irã parece estar em responder aos EUA, sem afetar o transporte marítimo, evitando assim consequências diretas para suas exportações, que dependem de países como Índia e China.

Após o ápice de alta dos preços durante a noite de domingo, quando o Brent chegou a ultrapassar US$ 81 o barril e o WTI atingiu seu maior nível desde janeiro, o mercado corrigiu rapidamente para níveis mais baixos, incorporando a percepção de que os riscos ao fornecimento imediato são limitados.

Apesar do alívio momentâneo, analistas ressaltam que a situação permanece volátil. O temor de um eventual fechamento do Estreito de Ormuz não foi descartado e continua sendo um cenário plausível, capaz de elevar rapidamente os preços do petróleo e desestabilizar os mercados globais.

No meio desse ambiente, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a pressionar para que os preços do petróleo se mantenham baixos, possivelmente buscando incentivar a produção doméstica como forma de mitigar impactos econômicos.

Embora o Irã represente uma fatia relativamente pequena da produção mundial — cerca de 3,1% — sua localização estratégica amplifica sua influência sobre os mercados, tornando cada movimento do país um fator a ser monitorado de perto.

Em resumo, os investidores parecem apostar que a escalada militar permanecerá contida, favorecendo a queda dos preços do petróleo no curto prazo. No entanto, o cenário geopolítico permanece incerto, e o mercado continua vigilante para eventuais mudanças que possam alterar drasticamente o equilíbrio da oferta global de energia.

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