PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL DOS EUA DÁ SINAL QUE PODE MANTER TAXA DE JUROS DO BRASIL MAIS ALTA; ENTENDA
A possibilidade de um corte nos juros básicos dos Estados Unidos pode estar mais distante do que esperavam os mercados. A presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, indicou que vê o outono do hemisfério norte — que se inicia em setembro — como um período mais apropriado para considerar uma redução na taxa de juros, afastando a chance de uma mudança já na próxima reunião do Fed, marcada para julho.
A avaliação de Daly tem como base principal o comportamento da economia americana, com especial atenção ao mercado de trabalho. Para ela, o atual ritmo da atividade econômica não exige urgência em mudar os juros. Segundo sua análise, apenas um sinal claro de enfraquecimento no emprego poderia antecipar esse corte. Enquanto isso não acontece, os dados sugerem que a economia continua resiliente, o que justifica a manutenção da política monetária atual por mais tempo.
Embora não tenha direito a voto nas decisões deste ano do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), Daly é uma das vozes influentes dentro do Federal Reserve. Suas declarações ajudam a orientar expectativas no mercado e sinalizam que parte relevante da instituição prefere manter a cautela diante do cenário ainda incerto da inflação e da atividade econômica.
Um dos pontos de atenção para o Fed é o impacto das tarifas recentemente anunciadas pelos Estados Unidos. Apesar das preocupações iniciais, Daly acredita que os efeitos imediatos desses tributos sobre os preços não devem ser significativos. Ela argumenta que a intensidade do repasse das tarifas aos consumidores ainda está em aberto e pode ser menor do que o esperado. Isso significa que, ao menos por ora, as tarifas não são vistas como um fator determinante para acelerar a inflação.
Por outro lado, a dirigente não descarta completamente os riscos inflacionários. Ela reconhece que, dependendo do comportamento das cadeias de produção e dos preços ao consumidor, as tarifas podem sim gerar pressões relevantes. Esse tipo de incerteza reforça a cautela da autoridade monetária quanto a qualquer movimento precipitado na taxa de juros.
Ainda que a inflação esteja, segundo Daly, em trajetória de queda — o que é visto como uma notícia positiva —, a condução da política monetária segue sendo feita com prudência. Na visão da presidente do Fed de São Francisco, a ausência de novas tarifas e a continuidade da desaceleração inflacionária poderiam abrir espaço para normalizar a taxa de juros mais adiante, mas o momento ainda não é considerado o ideal.
Outro aspecto observado com atenção pelo Fed é a solidez do mercado de trabalho. Embora a economia americana esteja, de maneira geral, em boa situação, um eventual enfraquecimento adicional no emprego pode desencadear um cenário de deterioração mais ampla, exigindo ações do banco central para conter os impactos.
Com isso, a sinalização é clara: o Federal Reserve ainda prefere esperar. O corte de juros não está descartado, mas também não está próximo. Tudo dependerá da evolução dos indicadores econômicos nos próximos meses.
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