A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, nesta segunda-feira (2), o recolhimento imediato de produtos de três marcas que comercializavam bebidas identificadas como “café” de forma irregular no Brasil. A decisão foi tomada após constatação de contaminações por micotoxinas acima do permitido, tornando o consumo dos itens potencialmente perigoso à saúde pública.
As três marcas afetadas pela decisão são: Pó para o Preparo de Bebida Sabor Café, da Master Blends Indústria de Alimentos Ltda.; Pó para o Preparo de Bebida Sabor Café Tradicional Marca Melissa, da D M Alimentos Ltda.; e Pó para o Preparo de Bebida Sabor Café Preto Marca Pingo Preto, da Jurerê Caffe Comércio de Alimentos Ltda. A Anvisa proibiu a fabricação, distribuição, comercialização, propaganda e consumo desses produtos em todo o território nacional.
A fiscalização que embasou a medida foi realizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que identificou irregularidades graves nas amostras. Entre os principais problemas detectados está a presença de ocratoxina A, uma toxina produzida por fungos, classificada como micotoxina. Essa substância é conhecida por estar relacionada a diversos riscos à saúde, especialmente quando consumida em níveis acima dos limites permitidos.
A ocratoxina A é originada por fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium, comuns em ambientes úmidos e em produtos armazenados de forma inadequada, especialmente grãos, como o café. Estudos apontam que essa toxina está ligada a problemas renais e hepáticos e pode aumentar o risco de desenvolvimento de tumores no trato gastrointestinal, especialmente no esôfago.
Outro aspecto preocupante é que, mesmo com lavagem ou outros métodos de higienização, as micotoxinas não são facilmente removidas dos alimentos contaminados. Isso significa que, uma vez presente no produto, a toxina oferece risco direto à saúde do consumidor, mesmo que o alimento passe por processos de preparo térmico como fervura ou torra. Diante disso, a recomendação das autoridades é clara: os consumidores que tiverem adquirido qualquer um dos produtos proibidos devem suspender o uso imediatamente e descartá-los de forma segura.
A medida visa não apenas proteger a saúde da população, mas também alertar o setor alimentício sobre a necessidade de rigor no controle de qualidade de insumos e produtos prontos. A presença de micotoxinas em alimentos é considerada uma das ameaças mais relevantes à segurança alimentar, e o Brasil possui legislação específica que define os limites máximos aceitáveis dessas substâncias em produtos industrializados.
Casos como esse evidenciam a importância do controle sanitário e das inspeções periódicas nos processos de fabricação e armazenamento de produtos alimentícios. Com o avanço das investigações, a Anvisa deverá acompanhar o cumprimento das determinações pelas empresas envolvidas e, se necessário, poderá adotar novas sanções administrativas.
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