REPRESENTANTES DA INDÚSTRIA BRASILEIRA FAZEM RECLAMAÇÃO PREOCUPANTE PARA O PAÍS APÓS MEDIDA DO BANCO CENTRAL
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, fixando-a em 15% ao ano, provocou uma onda de críticas por parte de entidades industriais em todo o país. A medida foi recebida com indignação pelos setores produtivos, que apontam prejuízos diretos à atividade econômica, aos investimentos e à geração de empregos.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou a decisão como “injustificada” e advertiu que o novo patamar da Selic representa um agravamento do ambiente de negócios, com impactos na competitividade da indústria brasileira. Para a entidade, a elevação dos juros ocorre em um contexto já fragilizado, com alta carga tributária, dificuldades de acesso ao crédito e incertezas econômicas, o que tem sufocado os setores produtivos.
Representantes da CNI também destacaram o contraste entre o posicionamento recente do Banco Central, que se opôs ao aumento do IOF, e sua atual postura de elevar a taxa de juros. O movimento foi visto como incoerente, especialmente diante da desaceleração da atividade econômica e da melhora nas expectativas inflacionárias.
Outro ponto levantado pela CNI foi o crescente pessimismo no setor industrial. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) registrou o sexto mês consecutivo em queda, refletindo o sentimento negativo dos empresários quanto à evolução da economia. Segundo a confederação, nem mesmo durante o auge da pandemia houve um período tão prolongado de desconfiança.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) também reagiu com veemência à elevação da Selic. Em nota, a entidade alertou que cada nova alta representa um golpe adicional na capacidade produtiva do país e compromete o crescimento sustentável. Para a Firjan, é urgente o avanço de reformas estruturais que reduzam a rigidez orçamentária e criem um ambiente mais propício ao investimento e à produtividade.
Segundo a federação fluminense, a falta de flexibilidade fiscal mantém o Estado limitado a medidas emergenciais, impossibilitando ações estruturantes que poderiam projetar o país em direção a um futuro mais estável. A continuidade dessa trajetória, adverte a entidade, pode elevar o risco-país e dificultar uma redução mais consistente dos juros.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também se posicionou contra a medida. Para a entidade mineira, a elevação da taxa de juros ignora os sinais recentes de desaceleração da economia e representa uma ameaça aos investimentos produtivos, à competitividade da indústria e ao mercado de trabalho. A Fiemg defende uma abordagem mais equilibrada, que concilie o controle da inflação com o estímulo ao desenvolvimento econômico.
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, reforçou que decisões de política monetária precisam ser tomadas com cautela, considerando os efeitos defasados das medidas já em curso e o alto grau de restrição que os atuais juros impõem à economia.
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