As negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China seguem para um segundo dia em Londres, em um esforço para aliviar as crescentes tensões em torno do comércio de tecnologia e do acesso a elementos de terras raras. As discussões, realizadas na histórica Lancaster House, próxima ao Palácio de Buckingham, duraram mais de seis horas no primeiro dia e devem continuar nesta terça-feira.
A delegação norte-americana, liderada pelo Secretário do Tesouro, Scott Bessent, pelo Secretário de Comércio, Howard Lutnick, e pelo Representante de Comércio, Jamieson Greer, indicou um possível afrouxamento de restrições sobre a exportação de tecnologia, desde que haja contrapartida da China em liberar o envio de terras raras. Do lado chinês, a comitiva foi chefiada pelo vice-premiê He Lifeng, refletindo o peso político das conversas.
Esses elementos — terras raras — são essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia, como smartphones, caças militares e varetas de reatores nucleares. A China domina a produção global, sendo responsável por aproximadamente 70% da oferta mundial. A limitação chinesa sobre o envio desses materiais nos últimos meses tem pressionado setores estratégicos nos EUA, principalmente o de defesa e o de energia.
O governo norte-americano sinalizou que está pronto para rever medidas recentes que restringiram a exportação de itens como softwares de design de chips, peças de motores a jato, produtos químicos especializados e materiais nucleares. A retirada dessas restrições, no entanto, não incluiria chips avançados, como os da linha H2O da Nvidia, usados em sistemas de inteligência artificial de última geração. Esses produtos continuam considerados estratégicos e sensíveis demais para serem exportados sem controle.
A expectativa é de que um acordo parcial possa ser alcançado, com os dois lados adotando medidas recíprocas para reduzir os entraves comerciais, especialmente aqueles que impactam setores com forte peso econômico e geopolítico. No mês anterior, em Genebra, as duas potências haviam concordado em suspender tarifas adicionais por um período de 90 dias, com o objetivo de criar um ambiente mais estável para novas negociações. O encontro atual em Londres é visto como um desdobramento direto desse compromisso.
O mercado financeiro reagiu positivamente à reabertura do diálogo. As ações chinesas negociadas em Hong Kong entraram em território de alta, refletindo o otimismo de investidores quanto a um possível avanço nas negociações. Nos Estados Unidos, os índices também subiram, com o S&P 500 aproximando-se do seu pico registrado em fevereiro.
As tratativas ocorrem após meses de escalada nas tensões comerciais entre os dois países. Em 2025, o governo norte-americano intensificou tarifas sobre produtos chineses, o que levou Pequim a retaliar. Isso gerou um clima de incerteza para empresas multinacionais e afetou cadeias produtivas globais, especialmente nos setores de tecnologia e manufatura.
A continuidade do diálogo em Londres é vista como um sinal positivo de que, apesar das diferenças, ambos os lados ainda buscam uma solução negociada para evitar novos choques econômicos.
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